“As tarifas impostas pelos Estados Unidos da América (EUA) à União Europeia (20%), no caso do azeite, vão ter um impacto negativo”. Quem o diz é José Duarte, enquanto vogal da direcção da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal.
As consequências reflectem-se porque a América é, como explicou o presidente da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, “o segundo maior consumidor de azeite a nível mundial. É um país que não é autossuficiente na produção de azeite e tanto Espanha, como Itália, os maiores produtores a nível mundial, tinham os Estados Unidos da América como o seu maior mercado de exportação. A partir do momento em que essas tarifas entrarem em vigor, obviamente, que países como a Turquia e a Tunísia vão substituir Espanha e Itália no fornecimento de azeite, e estes países vão ter que se virar para outros mercados alternativos”.
Nessa altura, “o impacto será negativo para Portugal”, avançou o empresário agrícola de Moura e explicou que “o principal país exportador de azeite embalado de Portugal é o Brasil, onde Portugal tem uma cota significativa no consumo de azeite. Nos últimos anos já se tem notado por parte de Espanha, através da sua Interprofissional do Azeite que tem feito várias acções de sensibilização e promoção do azeite espanhol no Brasil e o que tem acontecido, é que estão a ganhar pouco a pouco cota de mercado. Com uma situação de aumento das tarifas, o mercado mais apetecível será sempre o brasileiro. Isso tem obviamente impacto para o azeite português e para as empresas que exportam azeite para o Brasil, nomeadamente azeite embalado”.
No caso do nosso país, a CAP reporta que “grande parte do azeite é exportado para Espanha e para Itália, principalmente a granel. Temos ainda o Brasil, como disse há pouco, como o grande mercado de azeite embalado”.
Por outro lado, a possibilidade de existir maior disponibilidade de azeite no mercado europeu pode levar a uma “eventual descida no preço do azeite e isso é obviamente negativo para todo o sector do azeite não só em Portugal, mas a nível europeu”, destacou José Duarte.
Na opinião de Susana Sassetti, directora da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, o principal a ter em conta nesta situação são “os destinos de exportação de Portugal que acabam por ser Espanha, Itália e Brasil e os Estados Unidos da América só com 2,3%. Para se ter a noção, Espanha anda à volta dos 48% e, portanto, poderá ter um impacto provavelmente indirecto, porque o principal destino de exportação de Espanha são os Estados Unidos da América”.
O assunto deve merecer atenção do Ministro da Economia, Pedro Reis e nesse sentido, a administradora acredita que o Governo está “em cima da situação e a tentar perceber que impacto é que poderão ter estas tarifas impostas”.
Alguns associados da Olivum exportam azeite para os EUA o que se pode vir a reflectir no preço com os custos impostos ao “importador e ao próprio consumidor americano, já que aumentam os preços dos produtos importados”, alertou a gestora.
A Olivum pretende convocar brevemente todos os associados para esclarecer o assunto. “Este será um dos pontos da próxima reunião de direcção para perceber se é realmente um problema e como é que podemos ajudar e acompanhar o desenvolvimento do nosso Governo em relação a esta situação”.