A vila de Amareleja ainda faz referência à tradição de Carnaval dos “Compadres e das Comadres” com o cortejo das crianças vestidas com as roupas dos costumes antigos, mas hoje já não é o que era. E foi-nos contado por quem sabe.
A residir no Centro Social de Amareleja, João Barradas Baptista, mais conhecido como João Bailhinha, de 94 anos de idade, recordou à Planície com a lucidez de um jovem, como era vivida esta época na altura da sua mocidade. “O divertimento com as comadres, convidavam-se as pessoas e faziam-se bailes em casas de particulares. Fazia-se arroz doce e bailava-se toda a noite e comendo e bebendo, eram as comadres. A Amareleja tinha muita gente e havia muitos divertimentos no Carnaval. Hoje, isto está sem pessoal e os que cá estamos ainda fazemos alguma coisa, mas a tradição vai-se perdendo”.
Na quarta-feira a seguir, lembrou João, “enterrava-se o Entrudo, vestiam-se de preto e andavam com um sacho cavando nas ruas porque era para enterrar o Entrudo”. A memória levou-o para os tempos em que neste mesmo dia, ia à horta na estrada do Morgado apanhar laranjas. “Era um laranjal muito grande, vinha-se passeando. O Carnaval era muito divertido”.
O sr. Bailhinha nunca se vestiu de Compadre, mas não esquece os Bailes da Pinha na Sociedade Amarelejense, onde “puxou a fita muitos anos. Tenho muitas recordações do Carnaval da Amareleja. Agora o pessoal anda mais dividido…uns abalam para lá e outros para cá e antigamente não. O pessoal reunia-se sempre nas festas na povoação”. No final da conversa, agradeceu à Planície “pela lembrança de ser entrevistado”. O prazer foi todo nosso por manter vivas estas memórias tão significativas.