Para quem quer conhecer o Alentejo, a rota das Amendoeiras em Flor é um espectáculo único de ser apreciado, quer seja de passagem nas estradas ou com visitas guiadas. E esta é sem dúvida a melhor altura do ano para o fazer com as árvores já em flor e os campos de amendoal pintados com uma mescla de rosa e branco.
A Família Margaça, em Pias, concelho de Serpa, não se dedica só à produção de bom vinho e começa também a diversificar as suas áreas de negócio com os quase 74 hectares de amendoal das variedades Lauranne e Soleta de casca rija, em floração estes dias.
Recentemente, a marca organizou a primeira visita agendada com um grupo de mais de 30 pessoas que vieram até Pias contemplar esta maravilha da natureza, com uma explicação feita por um guia sobre a evolução de crescimento e a campanha.
Bruno Sousa, administrador do grupo, olha para esta actividade com “potencial e uma forma de exploração e enriquecimento do que é a oferta turística para a região e que no nosso caso, acaba por ser mais um tema de valorização da nossa rota turística”.
As visitas, requerem, no entanto, algum “cuidado” e devem ser realizadas por quem sabe, não vá haver algum ‘encontro imediato’ com as abelhas das várias colmeias instaladas por apicultores ao longo do amendoal. “Durante o período do dia, principalmente nas horas mais quentes quando as abelhas estão mais activas, não convém passar muito perto das colmeias. Fazemos visitas mais na extrema das parcelas e das variedades. O espectáculo visual oscila muito de acordo com a variedade. A Soleta é extramente bonita e quando está no seu auge de floração é um momento único”, descreveu Bruno Sousa.

Complementado com a vertente turística, a expectativa de aumento de produção para 2025 situa-se nos “1500 quilos de pepita por hectare”, números cedidos pelo administrador. “No ano passado tirámos cerca de 1200 quilos de pepita por hectare, o que equivale na área total a quase 90 toneladas. Estamos com a expectativa este ano de ultrapassar as 100 toneladas”, avançou, um amendoal que está instalado nas terras da Família Margaça há cerca de cinco anos.
O gestor explicou que o produto, é praticamente todo para exportar quase a “100%”. “Até ao ano passado tivemos uma pequena parte que acabou por ficar em Portugal, à volta de 40% e, 60% foi vendida a uma marca espanhola. Nós fazemos parte dos dados que saíram no final de 2024 relativamente à exportação de cerca de 33 mil toneladas do sector e representamos quase 90 toneladas, do qual a maioria é para exportar para Espanha”.
Considerado hoje em dia como um “superfood, um alimento extremamente saudável”, grande parte do que é produzido “quando está em condições perfeitas”, como disse, “vai para embalamento para consumo em pacote. A outra parte, é para a indústria dos doces e Espanha como é muito forte na doçaria com amêndoa, assim como Portugal, acaba por suprir muitas das suas necessidades com este aumento de produção”, revelou o director.

A campanha da amêndoa obedece a um determinado desenvolvimento. Bruno Sousa explicou como se processa. “A floração começa em finais de fevereiro, início de março, dependendo das variedades e a partir daí começa a aparecer muita folha. É uma árvore de folha caduca e em maio e junho já se consegue ver o fruto desenvolvido ainda com bastante humidade. Em meados de julho já começa o capote a abrir. A partir daí temos de tomar a decisão de quando se inicia a campanha da colheita. Estamos a falar de um processo que inicia em finais de fevereiro e em meados de setembro termina a campanha e a folha volta novamente a cair em finais de outubro”.
Está comprovado que este “superalimento” além de ter diversas características benéficas para a saúde, contribui para o desenvolvimento do território a nível de produção e de atracção turística.