Comprar ou arrendar casa no concelho de Moura – Um cenário difícil

O concelho de Moura debate-se com o problema da compra e venda e do arrendamento habitacional. O que há, é muito pouco para responder à procura e às necessidades existentes. Filipe Navas Garcia da imobiliária Venda Segura que opera em Moura e em Beja, traçou a realidade deste panorama difícil, um cenário que é praticamente transversal ao país. “A realidade de Moura é aquela que mais ou menos sempre existiu. Não estão a criar novas habitações, o que se está a fazer é uma pequena reconstrução de algumas casas velhas, além de neste momento estarem a ser construídos 16 fogos novos, o que neste mercado tem um impacto extremamente reduzido”.

Nos arrendamentos, a situação é “exactamente igual. As casas são extremamente limitadas, não há oferta, o que leva a uma subida brutal de preços, muito mais do que antigamente porque a inflação e todas as despesas associadas a uma casa, têm aumentado. Se olharmos para a reação dos mercados a nível nacional, é igual ao de Moura. Na cidade, os T1 que se arrendavam por 200 euros, neste momento estão na ordem dos 300; os T2 que se situavam nos 250 euros, hoje arrendam-se a 350, 400 euros e os T3, nomeadamente os da Santa Justa, estão à volta dos 500 euros, até para mais. E não há casas mais baratas para aquela população que não consegue chegar a este nível de renda”, relatou Filipe Garcia.
Neste quadro, o gestor imobiliário chamou a atenção para uma das medidas que está a ser projectada pela Câmara Municipal de Moura. “Pelo que sei, a Câmara está a tentar fazer algumas compras (de imóveis) para realojar pessoas, ou seja, procura casas para realojar pessoas com baixo rendimento”.

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No entender do funcionário da Venda Segura, este é o único recurso de resposta nestes casos. “A única solução para as pessoas de baixo rendimento é a habitação pública. De outra forma, vai haver uma população circulante que vai absorver toda a habitação mais cara e melhor e uma população local de jovens que ainda não se decidiu a comprar casa, mas que tem um nível intermédio de rendimentos, isto é, quando estão os dois a trabalhar. E, resume-se a isto. A habitação barata deixou de existir”, avançou.

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As freguesias à volta de Moura podem ser uma opção, sobretudo na venda. “A procura é enorme em relação ao que era nas freguesias de Amareleja, Safara ou Santo Amador”. O perfil de clientes neste caso é quase sempre o mesmo. “Vêm de grandes cidades e procuram um refúgio de fim-de-semana no Alentejo. Muitas vezes até preferem comprar numa aldeia do que numa cidade como Moura”, explicou o consultor imobiliário e sublinhou: “Nas aldeias a subida de preços não tem um impacto tão grande porque ainda há muita habitação devoluta, vazia, capaz de ser recuperada e a mão-de-obra nas aldeias ainda vai existindo. Em Moura, é o contrário, não há casas e muito pouca habitação devoluta”.

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E continua: “Moura foi sempre uma cidade cercada pelo Plano Director Municipal (PDM) sem grandes zonas de expansão. Talvez desde 1993, altura em que foram construídos dois ou três loteamentos entre eles, o Moura Sol e a Quinta de Santa Justa. A expansão de Moura nunca foi muito grande e, por conseguinte, temos um centro histórico muito reabilitado apesar de se vender muitas vezes a ideia de que está muito degradado. Estão efectivamente algumas casas grandes vazias, mas a grande maioria das casas velhas estão a ser todas absorvidas e remodeladas”.

Aqui, coloca-se outra questão que é a falta de mão-de-obra no sector da construção civil. “É um problema crónico do país inteiro, não há pedreiros e quando há, inflacionam o custo. Hoje, quem quer fazer uma obra, vai levar meses à espera e vai pagar muito mais caro do que se houvesse mais oferta de empresas capazes de fazer essas remodelações nas habitações”.
Esta é umas razões a que leva hoje em dia à preferência do conceito “chave na mão” quando o objectivo é a aquisição de um imóvel. “Ninguém quer construir nada, parece que toda a gente tem aversão a obras. As pessoas querem casas prontas a entrar”, garantiu o vendedor.
Em traços gerais, é esta a realidade do mercado imobiliário do concelho de Moura, com muito assunto ainda a explorar. Para Filipe Garcia a solução passa como já disse, pelo aumento da oferta pública de habitação para dar resposta a “uma franja da população que não consegue comprar casa”.

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