O IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva que se realizou em Ourique, a 14 e 15 de novembro, e que contou com cerca de 400 participantes, revelou-se em sintonia com os próximos desafios da PAC – Política Agrícola Comum. Esta é uma das conclusões do evento que tomou a sustentabilidade, a renovação geracional como o mote principal dos trabalhos.
Em nota de imprensa, a ACOS – Associação de Agricultores do Sul, considera que há “um problema estrutural por resolver” e que se prende com “o processo da renovação geracional no sector agrícola”, processo esse “que carece de mecanismos que reforcem incentivos financeiros e fiscais que tornem a actividade mais atrativa para os jovens, mecanismos de acesso à terra por parte de novos agricultores, a criação de estratégias e implementação de planos de acção, por parte das organizações de produtores, que assegurem a renovação geracional”. É necessário na visão da ACOS, criar e desenvolver “programas de inovação social e de formação profissional, e o reconhecimento de competências que dignifiquem e prestigiem a profissão”.
Na visão dos congressistas as actividades do mundo rural “estão a tornar-se invisíveis” porque não são devidamente percepcionadas e valorizadas pelo mundo urbano. “Como resultado da globalização, as sociedades urbanas preocupam-se actualmente mais com questões ambientais, de alteração climática e de Bem-Estar Animal e penalizam os agricultores pelas suas actividades, não valorizando a sua função de produtores de alimentos”.
No âmbito da produção animal extensiva, dizem ser indissociável do ecossistema montado na Península Ibérica. E reivindicam que medidas da PAC deverão ser ajustadas às especificidades dos territórios, tendo em consideração o solo, o clima e a diversidade de atividades agro-silvo pastoris, e que os apoios aos criadores de animais sejam considerados em função da área afeta ao sistema de produção e não ao animal (encabeçamento). Reclamam investimento público numa rede para fornecimento de água às explorações em todo o território do interior transfronteiriço para apoio a pequenos regadios, abeberamento de animais e abastecimento de águas às populações.
Referem que as medidas da PAC têm de ser reavaliadas e ajustadas às especificidades dos sistemas de produção animal extensiva ao nível ibérico, devendo o seu orçamento assegurar pagamentos adequados à Pecuária Extensiva.
O IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva foi organizado pela ACOS – Associação de Agricultores do Sul, União dos Agrupamentos de Defesa Sanitária do Alentejo, Cooperativas Agro-Alimentarias de España e Federación Andaluza de Agrupaciones de Defensa Sanitária Ganaderas. Contou com o apoio da Câmara Municipal de Ourique, da Associação de Criadores de Porco Alentejano e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.