A “troca de galhardetes” entre o PS e o PSD do distrito de Beja centra-se desta vez, na Lufthansa, empresa de aviação alemã que escolheu Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, para investir milhões de euros numa unidade fabril para reparação de peças de motores e componentes de aviões. O processo foi dado a conhecer esta semana pelo presidente da Federação do Baixo Alentejo do PS, Nelson Brito, ao referir que o Governo perdeu esta “oportunidade de importância estratégica” relacionada com o Aeroporto de Beja, o que permitiria a instalação de 700 postos de trabalho na região.
A resposta do deputado da AD, Gonçalo Valente, não se fez esperar e classificou o comunicado da federação como “infeliz” e que põe em causa “a credibilidade de um partido que tem responsabilidades políticas grandes, como é o caso do PS”. “Parece que, assim de repente, o Baixo Alentejo começou a contar para o Partido Socialista. Oito anos passados e a varinha mágica socialista começa a funcionar”, comentou o eleito da AD no círculo de Beja.
Gonçalo Valente questiona que a mesma atitude da oposição deveria ter sido tomada “quando em 2018 a empresa de fabricação aeronáutica LAUAK fugiu para Grândola. Aí sim estávamos a falar do mesmo campeonato, em 250 novos postos de trabalho e em 32 milhões de euros de investimento em Beja”. Ainda “quando a DESAER em 2020 procurava um local com pista de aviação nas proximidades e escolheu Ponte de Sor, para produzir Aeronaves, criando 1200 postos de trabalho, na sua maioria nesta vila do Alto Alentejo. São dois exemplos recentes da inércia do Partido Socialista quando o Governo e o Município partilhavam a mesma cor política”.
Quanto ao investimento da LUFTHANSA em Portugal, o deputado explicou que neste caso, “estamos a falar de dimensões completamente distintas e temos de ser sérios a falar em assuntos sérios. Para populismos já bastam outros”.
Os factos do negócio contextualizam que a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, realizou “um trabalho de identificação de potenciais localizações que cumprissem os requisitos indicados pelos promotores deste projecto, em total confidencialidade, actuando de forma imparcial, sem nunca pressionar ou influenciar o processo a favor de uma determinada localização”.
A candidatura é dirigida a Portugal que concorre com outros países e não às regiões, com o papel da AICEP o de encontrar em Portugal “as alternativas de localização que correspondam aos requisitos pré-definidos pelos investidores”.
Em concreto, para acolher o projecto da Lufthansa Technik, “o processo de selecção de potenciais localizações industriais em Portugal obedeceu a um conjunto de requisitos definido pela empresa, sendo um deles estar a menos de 1h de distância do Aeroporto do Porto ou de Lisboa. Estes incluíam temas associados à demografia, habitação, oferta formativa, infraestruturas e logística. Portugal esteve em competição com outras geografias na Europa para captar este investimento. Foi uma vitória de Portugal, não foi de Santa maria da Feira. Esta cidade foi a feliz contemplada porque reunia todos os requisitos que permitiram que este investimento ficasse no nosso país”, sublinha a AD.
O deputado Gonçalo Valente conclui que o que deve preocupar os representantes da região na Assembleia da República, “são as razões pelas quais nunca poderíamos ser elegíveis para um investimento desta natureza e fazer de tudo para que na próxima vez em que surja uma oportunidade como esta, estejamos capacitados para ajudar Portugal a captar um investimento desta dimensão, aí Beja é aquilo que todos nós queremos que ela seja, grande e respeitada”.