Na sua 4ª edição, o Prémio Concreta UNDER 40, uma iniciativa promovida pela Exponor-Feira Internacional do Porto, que se destina a distinguir projectos efectuados em território nacional por jovens até aos 40 anos, reconheceu o Mesa Atelier, uma equipa de arquitectos de Lisboa que concorreu ao concurso da obra pública do projecto Casa Mortuária de Barrancos, concluída este ano.
Na origem da proposta vencedora, foi tido em linha de conta pela equipa que a criou, o facto de ter havido neste equipamento público, situado no interior do Alentejo, “respeito pela arquitectura local, por se relacionar com os métodos construtivos tradicionais locais e por ter na sua composição o xisto de Barrancos, uma pedra local bastante abundante na região”, observou à Planície Ana Isabel Santos, uma das fundadoras do Mesa Atelier.
O conjunto do conceito integrou “uma preocupação paisagística, arquitectónica e social bastante visível e também pelo facto deste programa de Casa Mortuária ser bastante interessante. O que deve ser este espaço hoje em dia e para o futuro em Portugal, atendendo a que estamos expostos a culturas bastante diferentes, sem esquecer que é um equipamento público, deve servir todo o tipo de utilizadores e tem uma carga religiosa muito presente”, elucidou a arquitecta. Outro aspecto que a equipa levou em consideração foi projectar “um edifício inclusivo para não fazer uma diferenciação entre religiões”, sublinhou.
A preservação do importante património local dos “muros de pedra sobreposta de xisto que se estendem também a Espanha e que em algumas localidades são classificadas como Património”, como explicou a arquitecta, esteve na origem do projecto da equipa, onde foi realizada uma investigação local, com a identificação dos muros de xisto que fazem parte da paisagem do território. “São bastante bonitos e partem de materiais que as pessoas foram adaptando e reutilizando e isso também é sustentabilidade e economia de recursos. Olharmos para o terreno e vermos o que temos, sem ter que ir buscar matéria-prima lá fora que demora imenso tempo a chegar e é muito cara, quando temos os recursos à nossa mão”, uma reflexão importante deixada pela arquitecta Ana Isabel Santos, do Mesa Atelier, sobre a valorização dos recursos naturais da região.