Cante Alentejano – O património que nunca deixou de se ouvir em Moura

Nestes 10 anos da elevação do Cante Alentejano a Património Cultural Imaterial da UNESCO, a cidade de Moura deu e continua a dar o seu excelente contributo. E é testemunhado por mourenses mais antigos que certamente se recordam do Grupo Coral da Casa do Povo ou do grupo que pertencia ao Centro Recreativo Amadores de Música “Os Leões” e outros. Ainda a importância de haver mulheres no Cante com a presença do Grupo Coral Feminino “As Brisas do Guadiana de Moura” e que se mantêm até aos dias de hoje.

Sobejamente conhecido na nossa terra, o nome de José Joaquim Oliveira, conhecido como Zé Quim, colaborador há vários anos da Rádio Planície e um dos impulsionadores do Cante Alentejano no concelho de Moura, situa-nos historicamente neste processo. “No princípio deste século (XXI) em Moura, eu apanhei “o barco” em que praticamente não havia nada do género e fui um dos fundadores e responsável pelo Grupo Coral e Etnográfico do Ateneu Mourense e que por vários motivos, agora está numa fase mais parada”.

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Mas o Cante nunca deixou de se ouvir por aqui e com o respeito que merece, voltou a ser enaltecido com o Grupo Coral de Moura, criado em 2023 para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. E o que surgiu como uma ideia e com actuações de homenagem à data, tomou forma e os quase 30 elementos não deixaram que as suas vozes se calassem. “Este é um projecto completamente diferente, com uma especificidade de maior divulgação, maior empenho na qualidade, sem a problemática de ter de andar de um lado para o outro o que logisticamente é muito difícil. Adoptámos o sistema de criar um grupo que pontualiza as suas actuações e trabalhamos para isso”, explicou José Joaquim Oliveira, sendo o responsável técnico o José Andaluz, uma das grandes vozes do grupo.

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Com um enorme orgulho no que considera este “um trabalho bastante interessante”, para o cantador de Moura tem sido uma boa surpresa perceber o interesse dos mais novos no Cante. “Estamos a falar de jovens de 17, 18 e 19 anos que querem fazer parte do nosso grupo e que cantam muito bem. O Grupo Coral é a “cartilha”, onde aprendem a cantar”, afirmou José Oliveira e destacou que as portas estão abertas aos jovens que queiram juntar-se a estes elementos.
Reúnem-se uma vez por semana no Cine-Teatro Caridade em Moura, onde ensaiam e preparam-se desde há alguns meses para um momento especial: os cânticos de Natal ao Menino Jesus, as Janeiras e o Dia de Reis. “São modas muito difíceis de cantar, com uma sonoridade que nos faz lembrar o Canto Gregoriano, uma coisa linda”, referiu Zé Quim com uma certa emoção nas palavras e muita admiração por fazer parte deste bonito projecto.

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