Bloco de Rega do concelho de Moura – Agricultores receberam “com satisfação” os dois anúncios

Nas últimas semanas foram publicados dois importantes anúncios em Diário da República que podem mudar o futuro do regadio no concelho de Moura. O primeiro, divulgado no dia 23 de outubro diz respeito à Elaboração do Projecto de Execução do circuito hidráulico Póvoa – Amareleja e respectivo bloco de rega, com origem de água na albufeira do Alqueva, em que compreende as estações elevatórias, reservatórios de regularização, adutores, sistema de filtração, rede de rega para 6300 hectares e sistema de automação e telegestão. O segundo e mais recente, 31 de outubro, está relacionado com a Empreitada da Construção do Bloco de Rega de Moura com origem de água na Barragem de Caliços, com uma área de 1 184 hectares.

Para percebermos as mudanças que podem ocorrer na agricultura do concelho de Moura, conversámos com José Duarte, desde sempre uma das vozes mais activas na concretização das infraestruturas. Apesar de apreensivo, os anúncios constituem para o empresário agrícola “pequenos passos e etapas que se vão ultrapassando para que tenhamos o regadio no nosso concelho”. Frisou, no entanto, que “ainda não há obra feita” e explicou que nestes avisos, há situações preocupantes. “O bloco de Moura que inicialmente estava previsto ter 1800 hectares, passou para 1200, mas isso já sabíamos há algum tempo”. Até aqui sem novidades. Já o bloco de Póvoa – Amareleja, José Duarte chamou a atenção para uma questão: “Saber qual a área que vai ser retirada, porque vamos ter neste caso um projecto de 6300 hectares quando inicialmente era muito superior”.

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O presidente da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos sabe que “será retirada área que actualmente está a regar através de captações directas”, mas aquilo que os agricultores exigem agora é que “as parcelas que estavam dentro do bloco (Póvoa – Amareleja) e que agora não estão e não têm acesso à água”, não deixem efectivamente de ser regadas. Isto porque, tal como explicou à Planície, “houve uma expectativa para esses agricultores que já viram as suas terras dentro do bloco de rega e obviamente que vão ter sempre de ter acesso ao regadio”.
Outra situação que inquieta José Duarte, é a “derrapagem dos prazos no caso do bloco de rega de Moura”. Adiantou que em Diário da República “está escrito que o período de construção é de 14 meses, facto que vai colocar em causa a campanha de rega de 2026. O que nos foi dito é que o bloco de rega de Moura estaria construído nos primeiros meses de 2026, mas com estes timings acreditamos que só irá regar no segundo semestre de 2026”, afirmou.

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Preocupações à parte, os agricultores do concelho de Moura receberam “com satisfação” os dois anúncios, mas estão cansados de “promessas”. “Estamos de pé atrás porque desde 2018, fazem-se várias promessas em relação aos blocos de rega e a realidade é que já passaram seis anos e ainda não temos nenhuma infraestrutura construída”.
Para já ainda não se sabe quando inicia a empreitada do bloco de rega de Moura, mas sabe-se de acordo com o anúncio que as propostas “têm de ser apresentadas à EDIA até janeiro de 2025, com um prazo de execução da obra de 14 meses. Mas nada melhor do que a própria EDIA para responder a estas questões”, referiu José Duarte.

O empresário agrícola aguarda nos próximos dias a confirmação do encontro com o presidente do Conselho de Administração da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, José Pedro Salema, para esclarecer as questões do Projecto de Execução do circuito hidráulico Póvoa – Amareleja e respectivo bloco de rega e o bloco de Rega de Moura.

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