A notícia que marca a imprensa nacional sobre Portugal necessitar no ensino de mais de 30.000 professores até 2030, segundo sublinhou o Ministro da Educação, tem preocupado a comunidade escolar. João Costa quer fazer da docência uma “profissão com futuro” e que seja atractiva para os jovens, um problema que considera não ser apenas de Portugal, mas sim à escala global. O responsável da pasta da Educação assegurou que o Governo está a desenvolver medidas para combater a precariedade da profissão, as distâncias e a valorização das carreiras.
Sob uma perspectiva mais local, fomos saber a opinião do Director do Agrupamento de Escolas de Moura sobre o mediático assunto e que consequências poderá ter a longo prazo na nossa região, a falta da atractividade da profissão de docente, caso não sejam definidas estratégias de valorização da mesma.
Há cerca de três anos que as Escolas de Moura se debatem com um problema comum a outros agrupamentos e que está relacionado “com a dificuldade em arranjar professores qualificados para leccionar determinadas disciplinas às nossas crianças e jovens e também em ter professores de substituição para uma eventual doença ou gravidez. Neste caso, a dificuldade aumenta”, reportou Rui Oliveira à Planície.
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Recordamos que no início deste ano lectivo, em entrevista à Planície, o director voltou a frisar este ponto essencial não só da falta de professores, como da pouca preparação dos recentes formados. “Aconteceu-nos este ano e em anos anteriores porque a profissão está cada vez menos apetecível. E, quando se contrata professores, não é a totalidade como é evidente, percebe-se que não estão assim tão bem preparados. O ser professor não era a sua paixão ou 1ª opção”. No entanto, depois de vários ajustes de horários, Moura iniciou o ano com todos os docentes, uma vitória comparativamente com outras escolas do país.
Rui Oliveira prioriza que é necessário definir “estratégias e soluções como a valorização da carreira de docente”, mas receia que uma dessas medidas do Governo possa vir a ser algo que já aconteceu antes. “O que se passou há 30 ou 40 anos em que foi permitido que pessoas sem habilitações possam leccionar de uma forma relativamente fácil sem qualquer tipo de preparação, quer pedagógica, quer a nível de disciplinas”, alertou. Neste caso, “não são só as crianças e os jovens que ficam “mal servidos”, mas todos nós enquanto sociedade porque eles são os cidadãos do futuro”, sublinhou o professor de Educação Física.
O problema actual coloca-se devido ao envelhecimento do corpo docente. “Estão muitos professores a reformar-se. Vemos isso pelo universo do nosso Agrupamento de Moura e como não há muitos jovens a querer entrar na profissão, é inevitável que a balança fique desequilibrada”, constatou Rui Oliveira.