No mês em que se celebra o Outubro Rosa de apoio à sensibilização e prevenção do diagnóstico do cancro da mama, nunca é demais chamar a atenção para o importante trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL), situado em Beja, na área de investigação da doença, concretamente no chamado “triplo negativo”, um subtipo de cancro da mama mais agressivo e com pior diagnóstico. O projecto de exploração do CEBAL foca-se no recurso a extractos de origem vegetal, entre eles, o bagaço de azeitona, as folhas de eucalipto e as folhas de cardo com maior relevância para a saúde do ponto de vista molecular e das células cancerígenas.
Este tem sido um trabalho árduo, desenvolvido pela investigadora principal do grupo dos Compostos Bioactivos do CEBAL, Fátima Duarte, com quem a Planície conversou. Concretamente em relação ao cardo com o nome científico Cynara Cardunculus, desde há 15 anos que o centro no Baixo Alentejo tem vindo a apostar “na valorização económica do cardo”, onde foi desenvolvida “uma caracterização química bastante exaustiva da planta e onde nos apercebemos que a folha do cardo é extremamente rica num composto que se chama cinaropicrina”, explicou Fátima Duarte.

Durante o processo de investigação de um ponto de vista mais geral, aquilo que a equipa tentou perceber foi se esse extracto do cardo teria “potencial na promoção ou no impacto proliferativo de células de cancro da mama no “triplo negativo” e para grande surpresa nossa, não só verificámos que havia uma redução da proliferação das células, como depois, quando passámos à fase subsequente, compreendemos que o efeito destes extractos tinham demonstrado a capacidade de modelar o ciclo celular das células tumorais. Isto significa que de algum modo, eram capazes de alterar ou de evitar o ciclo de proliferação destas células”, observou a responsável e sublinhou a importância desta abordagem para o futuro. “A nossa publicação veio de novo trazer esta questão numa altura em que estamos a celebrar o Outubro Rosa e que é também um compromisso do CEBAL com as questões associadas ao cancro de um modo geral e em particular com o cancro da mama e o trabalho que temos desenvolvido com as matrizes vegetais”, referiu. O compromisso é o de “avançarmos na compreensão destes extractos e destas moléculas”, palavras de Fátima Duarte, investigadora do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL), localizado em Beja. O cardo conhecido como uma planta usada no fabrico de queijo e que cresce à beira da estrada no interior das regiões, pode vir a ter no futuro um importante papel na saúde.