Vindimas – Margaça antecipa “um ano agronómico fantástico”

Na continuidade do trabalho que tem vindo a ser feito pela Planície sobre as vindimas, fomos ouvir mais um produtor, desta vez a empresa Margaça S.A., em Pias, a detentora dos vinhos Família Margaça. A apanha da uva já arrancou, situando-se nesta altura em cerca de 18 a 20% da campanha feita o que corresponde a perto de 200 toneladas para os números estimados de “1 milhão e 100 mil quilos” de produção, dados adiantados pelo director financeiro, Bruno Sousa. As castas que têm chegado à adega nesta fase, têm sido mais Arinto, Verdelho, Aragonês e Sirah, um bom presságio que vem no seguimento do que o administrador previu. “Este foi um ano agronómico fantástico. Tivemos bastante água e bem distribuída ao longo do tempo”, mas em abril as previsões não eram assim tão positivas. “Começámos com temperaturas altas, mas depois começaram a baixar tivemos um verão fresco o que atrasou a vindima entre uma a duas semanas”, explicou, quando comparado com o ano passado.

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No entanto, as expectativas para este “são boas”, com uma produção que se antevê “com mais qualidade e menos quantidade”, inferior à do ano passado que chegou a 1 milhão e 300 mil quilos.

Nos 140 hectares de uva, as castas tintas estão em maioria, com 112 hectares, conforme elucidou Bruno Sousa. “Aragonês, com 37 hectares, Sirah com 18, Alicante com 19 e Alfocheiro com 12”. Os outros 28 hectares de castas brancas “são maioritariamente Arinto com 12, de Antão Vaz são 12 hectares e de Verdelho 6 hectares”, referiu.

Nada disto seria possível se não houvesse uma “força de trabalho” manual, apesar do contributo do processo mecanizado. O gestor assegurou que nesta ajuda, já existem colaboradores fixos da região que fazem parte da “equipa da apanha da uva à mão”, mas que não chega. A colheita é complementada com mais “braços” num total de cerca de 24 pessoas que apanham “10 a 12 toneladas todos os dias”.

No que diz respeito à operação comercial, a empresa Margaça S.A., em Pias, notou um “crescimento significativo na exportação nacional”, com as vendas 10% acima do estimado. Os dados são o reflexo da “expansão de novas áreas onde tínhamos pouca presença”, destacou Bruno Sousa. “Nos últimos dois anos estamos a apostar com mais força na região de Lisboa, margem sul e vamos até à zona da Figueira da Foz”, garantiu. No próximo ano, o crescimento passará pela região norte. Quanto aos mercados internacionais, “não é uma aposta” para já, apesar de trabalharem clientes em países como a Suécia, Suíça, Alemanha e Holanda.

A crise, comum a todos os produtores com quem falámos, nesta empresa também não é excepção. “Na nossa opinião tem a ver com muita importação de vinho não português e sentimos o impacto do mercado com esse excesso de importação”. Também a permissão de inclusão de vinhos não alentejanos na IGP – Indicação Geográfica Protegida em cerca de 15%, “é uma preocupação que deveria ser alterada”, afirmou Bruno Sousa à Planície.                 

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