No dia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão 2024 (JO), que se realizam na cidade de Paris a partir de hoje e até 11 de agosto, o Alentejo está representado e bem, com Ana Cabecinha, natural de Baleizão. Três meses depois de ter sido mãe, aos 40 anos, a atleta irá competir na prova de 20 quilómetros marcha, uma “veterana” nestas andanças já que é a 5ª vez que participa nesta competição mundial. Os treinos foram ajustados à sua condição física, mas conseguiu alcançar o objectivo de estar presente na maior das provas mundiais. E este ano com uma responsabilidade acrescida de ser a porta-estandarte da equipa de Portugal, na cerimónia de abertura dos JO marcada para as 18h30, hora portuguesa, 19h30 hora de Paris.
A Planície presta homenagem à desportista com uma entrevista que passou na rubrica “Alentejano de Gema”, em que Ana Cabecinha fala sobre as experiências de participar na prova de 20 km dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, Londres em 2012, no Rio de Janeiro em 2016 e em Tóquio no ano de 2020. “Continuo a ser a mesma jovem de 24 anos que foi aos Jogos Olímpicos de 2008. O ambiente que se vive é completamente diferente do que se vive no Campeonato do Mundo ou da Europa. O espírito que se vive é indescritível, por isso é que cada participação minha é como se fosse a primeira vez. Muda a responsabilidade de ter que fazer resultados, fazer mais e melhor e aumenta a pressão”, declarações da desportista à Planície.
48 horas antes da competição, a atleta diz que a “ansiedade começa a crescer e só se fala na prova. Tento isolar-me, ‘ficar na minha’ e tirar o máximo de proveito”. Confessa que para si, o principal é “divertir-se a fazer aquilo que mais gosta” e que enquanto existir “esse prazer, vou continuar cá a fazer a treinar e a fazer melhores resultados”.
A viver no Algarve desde os sete anos, foi no Clube Oriental de Pechão, em Olhão, que começou a prática de atletismo, mas optou pela marcha atlética. E é nesta modalidade que tem feito um percurso de sucesso, com várias medalhas arrecadadas.
Do Alentejo, guarda algumas recordações de infância e o carinho à terra. “Ainda consigo manter o contacto com as pessoas de lá (Baleizão), onde ainda tenho amigas, apesar de algumas das raparigas que cresceram comigo estarem emigradas. Mas agora com as redes sociais é mais fácil”, afirmou durante a entrevista a Miguel Frazão.
A mudança para o Algarve aconteceu por razões económicas, onde Ana Cabecinha acompanhou os pais, que foram à procura de “melhores condições de vida, de mais trabalho. No início, a adaptação foi difícil, mas o Algarve acolheu-nos bem, é a minha segunda casa. Mas é bom voltar ao Alentejo”, lembrou.
A atleta olímpica que já foi homenageada pela sua terra natal e pela Associação de Atletismo de Beja como uma das melhores marchadoras portuguesas, compete nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 este ano, com um “valor emocional” acrescido, três meses depois de nascer o filho Lourenço.