A Herdade da Contenda no concelho de Moura, terminou recentemente mais uma campanha de extracção de cortiça virgem, também designada como branca, com uma extensão de cerca de 800 hectares. Um trabalho “bastante difícil, que requer prática e especialização”, contou à Planície Pedro Rocha, o administrador da propriedade e que foi realizado “por uma equipa muito boa de tiradores profissionais de Santo Aleixo da Restauração”.
Num ano particularmente bom para o desenvolvimento da actividade e que reuniu as condições climatéricas ideais, como chuva e humidade, este recurso renovável, segundo o administrador, é um dos mais importantes para o território, já que é uma mais-valia económica porque “contribui para a riqueza, cria emprego e permite um futuro melhor na sustentabilidade da Herdade da Contenda”.
Este ano, a quantidade estimada de extracção de cortiça virgem está perto das 3.000 arrobas, o equivalente a cerca de 45 mil quilos, mas a pesagem total ainda não está concluída. Apesar disso, já tem destino. “Será triturada para a produção de compósitos de cortiça, utilizados em diversas áreas como a aeronáutica e construção”.
Depois do processo de descortiçamento, os sobreiros são marcados com tinta branca que indica o ano de extracção e como a cortiça cresce de dentro para fora do tronco do sobreiro, o número não desaparece, permitindo assim controlar os anos que faltam até ao próximo descortiçamento.
Dentro de 9 a 10 anos será retirada a cortiça Secundeira, de maior valor, mas ainda sem atingir a excelência da Amadia (a partir da 3ª tiragem), que tem como destino preferencial a produção de rolhas.
Portugal é o maior produtor e exportador de cortiça do mundo, sendo que esta matéria-prima se encontra sobretudo na região do Baixo Alentejo, com Moura a contribuir para a liderança. “Em Moura, temos boas áreas de produção de cortiça, não são muito extensas, mas é de alta qualidade e densidade”, explicou Pedro Rocha.
Na continuidade desta indústria, o gestor da Contenda não tem dúvidas: “É importante que se aposte no montado de sobro e no aparecimento de novos recursos”, um produto de elevado valor acrescentado depois de transformado e que é exportado para França, EUA, Espanha, Itália e Alemanha.
