A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável participou nas duas consultas públicas que decorreram, a última com prazo até dia 4 de julho no portal da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sobre a avaliação de Impacte Ambiental no projecto de instalação da nova Central Fotovoltaica em Ferreira do Alentejo, apesar de decisão estar tomada “há mais de quatro meses”, segundo os ambientalistas.
Contra a construção da infraestrutura, entretanto aprovada, por estar situada numa área que deveria ser protegida, os ecologistas caracterizam a Serra do Mira, também conhecida como Paço, no concelho de Ferreira do Alentejo, como uma zona “extremamente rica do ponto de vista botânico e do próprio substracto geológico”.
Em declarações à Planície, José Paulo Martins da Zero, afirmou que se está a pôr em causa, “os afloramentos dos gabros de Beja”, além de uma “flora singular e única do ponto de vista ibérico” e diz não conseguir compreender, “a instalação da estrutura neste tipo de localização”. Acima de tudo, porque a vegetação que por lá se encontra, “não é possível de ser compensada em outro local porque depende do substracto geológico que ali existe”.
O responsável alerta para a vegetação que se irá perder, considerada “uma riqueza muito importante no contexto do Baixo Alentejo, que põe em causa a biodiversidade e que infelizmente a nível local, não tem sido valorizado e devidamente protegido, mesmo para quem tem responsabilidades a nível autárquico”.
A Zero salientou ainda que esta é mais uma situação, em que a Autoridade Nacional de AIA (entidade que avalia em certos projectos o impacte ambiental) e a APA, colocaram-se “ao lado de interesses privados e permite, após um processo de AIA contraditório e incoerente, a instalação de uma central solar fotovoltaica no espaço remanescente numa área única na Península Ibérica, desconhecendo-se assim qual o papel que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas teve neste processo”.