A Associação Alzheimer Portugal (AAP) está a promover em todos os distritos do país, uma campanha de capacitação sobre a doença e hoje, 17 de junho, está em Beja, na Biblioteca Municipal, a partir das 10h00, precisamente com esse ciclo de ajuda e cuidados, destinado a todos os que queiram estar presentes.
O Alzheimer é o tipo mais comum de demência, mas no nosso país é difícil quantificar o número de pessoas que sofrem deste problema que afecta as funções cognitivas como a memória, a concentração, a linguagem, as rotinas, as famílias e os cuidadores informais.
A psicóloga Filipa Gomes, da AAP, com quem a Planície conversou, situou que o que existe “é uma prevalência de estimativa nos distritos, das pessoas com demência, não só Alzheimer, mas de outras demências e não existe um retrato fidedigno desta situação”, sobretudo porque “há ainda muitas pessoas por diagnosticar em Portugal e o distrito de Beja não será diferente”.
No ciclo de capacitação de hoje com um tema de manhã e outro de tarde, serão abordados “o uso generalizado de contenção física, ou seja, quando se amarra e põe em causa a dignidade e a liberdade das pessoas com demência e a contenção química, nos seus cuidados diários”, segundo avançou a especialista.

A solidão como parte principal do assunto relacionado com a demência, também será falado. Filipa Gomes considera que a solidão “é um fenómeno complexo de saúde pública e de prioridade que é necessário combater e que afecta sobretudo idosos e jovens. Daí pensar-se numa intervenção estruturada para combater e prevenir o fenómeno”. Da sua experiência, a psicóloga tem a noção de que quando surge um diagnóstico de demência, “os cuidadores acabam por passar este processo muito sozinhos”.
E que mecanismos ajudam a lidar com o Alzheimer? “Até a doença bater à porta, ninguém está preparado, por ser uma doença altamente exigente para os cuidadores e muitos deles fazem-no sem qualquer tipo de suporte técnico de equipas que possam ajudar. Ser cuidador de pessoa com demência altera o projecto de vida dessa pessoa e é um desgaste”, afirmou a psicóloga com conhecimento de causa.
Os primeiros sinais devem ser identificados e a procura de ajuda deve ser realizada desde cedo. “Uma coisa são os esquecimentos frequentes, por exemplo de não saber onde guardou os óculos ou as chaves do carro; outra, é as famílias poderem perceber que a pessoa tem cada vez mais esquecimentos de coisas mais graves. Por exemplo, de tomar banho, esquecer-se que já almoçou e querer almoçar outra vez ou desorientar-se no espaço, na rua, sem saber onde está”. São alguns dos alertas que as famílias devem ter em atenção no diagnóstico antecipado.
Linha de Apoio na Demência da Associação Alzheimer Portugal: +351 963 604 626. Dias úteis das 09h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h00.