É um percurso de 40 anos que tem sido feito pela AJAM – Associação de Agricultores de Moura, comemorados este ano, no acompanhamento e esclarecimento ao sector, mas também na defesa dos seus interesses.
O presidente, António Miguel Rosado, faz um balanço dos principais desafios nos últimos tempos, à semelhança do reflexo do que se passa no país, as prioridades são as de “encontrar saídas para ultrapassar as dificuldades que temos na nossa região em relação à agricultura e que funciona a duas velocidades: uma imprimida pelo Alqueva com o regadio e tecnologias de ponta e outra, fruto da Rede Natura 2000 que até agora não trouxe benefício para a região em qualquer sector da economia”. Dito isto, o empresário agrícola evidenciou a realidade: “Temos uma agricultura a avançar a galope e outra que anda de marcha atrás cujo fim, vai ser o abandono das terras, terras de excelente qualidade, com aptidão para boas culturas agrícolas que está completamente abandonada porque, para além de não se poder fazer nada, não há um Plano de Gestão da Rede natura 2000 que possa dar orientações aos agricultores para saberem o que podem fazer”.
Quando questionado sobre se o futuro da agricultura no concelho de Moura está em riso, António Miguel Rosado responde sem rodeios: “Não está em risco a agricultura de regadio, mas a outra sim, como todo o mundo rural. Não há agricultura, não há desenvolvimento económico”. A urgência da construção do Bloco de Rega, servirá “para aumentar a potencialidade do regadio, mas ainda assim, nos sítios que estou a falar, nomeadamente Barrancos, Santo Aleixo, Safara e uma parte da freguesia da Póvoa de São Miguel, nunca na vida poderão ser beneficiados porque existe uma imposição europeia que é obrigatória e não permite que se faça agricultura em condições: Rede Natura 2000, é o maior cancro que temos aqui na região”.
E sem resolução à vista, já que segundo o agricultor, as decisões estão “na mão dos ambientalistas e de lobbies que se governam à conta disso. O potencial económico desenrola-se, mas acontece para o lado de quem cá não está defendendo coisas como linces e abetarda (ave) e outros, que comparativamente com os investimentos que se fazem, o retorno é muito baixo e a maior parte dele vai para quem vive fora daqui e para organizações que não defendem de forma nenhuma a nossa região”, sublinhou o presidente da AJAM em jeito de balanço no 40º aniversário da associação.