Sector do azeite atingiu mais de 1000 milhões de euros em exportações

“O número é impactante: em 2022 o sector olivícola conseguiu mais de 1000 milhões de euros em exportações, um record absoluto, obviamente também pelo preço do azeite, mas mesmo assim muito significativo”, palavras à Planície do presidente do CEPAAL – Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo, com sede em Moura. O azeite conseguiu mesmo ultrapassar o valor do sector do vinho nas exportações e tem vindo a impor-se como um produto de referência nos mercados exteriores.

leia também
Instituto Nacional de Estatística prevê aumento na produção de azeite

Perante estes dados, Gonçalo Morais Tristão reafirmou a importância da área “para a economia nacional”, um valor acrescentado “devido à modernidade, aos grandes investimentos e ao incremento que teve nos últimos anos”. Mas não chega. É preciso que seja “olhado com mais atenção”. “O sector pede que este novo Governo e sobretudo o Ministério da Agricultura e o seu ministro removam alguns obstáculos que ainda existem para que possa desenvolver-se em pleno”. E explicou: “Temos um obstáculo muito específico da região de Alqueva que não faz grande sentido”.

leia também
Exportações de azeite ultrapassaram a barreira dos mil milhões de euros

A situação não é de agora, avançou. “Quando, há uns anos se diabolizava muito o olival porque era ideológico, porque gastava muita água ou porque os passarinhos morriam, o ministro Capoulas Santos fez um despacho em que proibiu e afastou os projectos de investimento no sector do olival e dos lagares na zona EFMA – Empreendimentos de Fins Múltiplos de Alqueva, para que não fossem permitidas ajudas comunitárias. Achamos que isso não faz sentido nenhum e pedimos ao Governo que remova rapidamente este despacho porque parece que está a discriminar negativamente o sector, que já demonstrou que tem muita importância para a economia”, ressalvou o CEPAAL.

leia também
OLIVUM representa 70% da produção nacional de azeite

Mais uma “espinha” que atravessa o âmbito do azeite e que Gonçalo Morais Tristão disse ser urgente resolvê-la. “É a inactividade de uma associação do sector, a AIFO – Interprofissional do Azeite de Portugal, constituída há mais de 10 anos e não consegue exercer a sua actividade e precisa desse desbloqueio burocrático”.
Porquê a sua relevância? “Porque poderá desenvolver investigação e investimento e poderá fazer campanhas de promoção que Portugal precisa muito. É um país muito importante a nível mundial, mas precisamos de mostrar lá fora. Estas campanhas fazem-se com estas associações interprofissionais e com dinheiros comunitários e só assim poderemos ir buscar dinheiro à Europa para promovermos o azeite português”.

O administrador sabe do que fala e deu um exemplo da realidade actual. “Portugal tinha mais de 50/60% do mercado brasileiro para exportar azeite. Nos últimos anos, a Espanha tem feito uma campanha muito agressiva de venda dos azeites espanhóis no Brasil e estão a pôr em causa o nosso tradicional domínio. Este ano vão gastar 10 milhões de euros em campanhas no Brasil e nós gastamos zero cêntimos”. Daí ser prioritário o desbloqueio burocrático da AIFO, conforme explicou o CEPAAL.
O aumento do preço do azeite levou a uma quebra de 11% nas vendas entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023. “Mesmo com 8 ou 9 euros de aumento, o azeite não deixou de ser consumido. Uma nota positiva para o sector que deve ler isso com atenção. Portugal, Espanha, Itália e Grécia, os países tradicionais de produção de azeite na Europa, não deixaram de o consumir. O mesmo não acontece nas exportações que desceram muito”, salientou. “Volto atrás mais uma vez, às campanhas internacionais que são muito importantes nos novos países consumidores de azeite, como os Estados Unidos da América e o Canadá, já que nesses países o consumo desceu”, destacou o presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo, Gonçalo Morais Tristão.

Scroll to top
Close
Browse Tags