Alqueva – EDIA explica à Planície os prejuízos de 2023 superiores a 40 milhões de euros

A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), sofreu em 2023, um prejuízo superior a 40 milhões de euros, um valor quatro vezes maior do que em 2022, que foi de 10,53 milhões de euros. Contactado pela Planície, o presidente do conselho de Administração adiantou que na origem das perdas da empresa do Estado, estiveram dois factores. “O primeiro teve a ver com um movimento contabilístico, uma provisão que numa linguagem mais simplista, pode dizer-se que é como pôr dinheiro de parte para poder fazer face a uma despesa maior, ou seja, esta provisão representou cerca de 22 milhões de euros deste prejuízo, sensivelmente mais de metade”, explicou.

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Salema reforçou que este movimento contabilístico feito no início de janeiro de 2023, resultou da assinatura do contrato de concessão com a rede secundária do EFMA – Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, “o que obrigou à alteração dos critérios contabilísticos e a reforçar a provisão para fazer face a grandes reparações”.
A segunda razão dessa alteração esteve relacionada “com os preços excepcionalmente altos que tivemos de suportar da electricidade”, sublinhou o engenheiro agrónomo. “Os preços atingiram números record durante o ano (2023) e para a EDIA que tem negociado contratos anuais de compra de electricidade, o preço ficou fixado em dezembro de 2021”.
De acordo com o Eco – Economia Online, em 2021, o preço médio da energia activa suportado pela empresa era de 47,6 euros/MWh (Megawatt), em 2022 foi de 136,2 euros /MWh e em 2023 aumentou ainda mais para 196 euros/MWh.

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“Portanto, não há volta a dar. Os custos aumentaram e as receitas apesar de também terem aumentado, a margem, aquilo que temos de pagar para distribuir cada metro cúbico (m3) e aquilo que recebemos por vender cada m3, não foi suficiente para cobrir o custo”, admitiu a administração da EDIA.
No entanto, José Pedro Salema afirmou que “não houve responsabilidade da empresa nesta perda operacional”, já que a “EDIA é uma empresa do Estado e a definição de preços que pratica, resulta também de decisões do Governo, não da própria empresa”.
Salema justificou ainda que o valor “que resulta de uma decisão política assumida de não mexer nos preços da água de Alqueva”, foi por existir um cenário em que “o sector agrícola já estava muito penalizado pelos custos logísticos e encargos adicionais de haver um ano de seca”.
Questionado sobre se a empresa estaria em risco, Salema negou e disse que a EDIA por ser do Estado, naturalmente “sabe quais as consequências de aumentar ou não o preço da água” e que foi necessário “fazer uma injeção no capital social para fazer face a estes défices. A operação, desde que a tarifa esteja equilibrada, paga-se a si mesmo”, reforçou.

As razões que pesaram neste prejuízo foi em especial, “uma conjuntura despoletada pelo Covid-19 e depois pela guerra (Ucrânia e Rússia), que fez aumentar muito os preços da electricidade e que não foi acompanhada pela subida dos preços da água. Mas essa decisão, o Governo tomou-a conscientemente”, disse.
Actualmente, “a situação está normalizada” no que diz respeito aos preços da electricidade e frisou que em 2024 os gastos “são muito mais controlados, existindo uma situação de equilíbrio entre as receitas e os custos”, destacou José Pedro Salema, administrador da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.

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