A equipa sénior do Moura Atlético Clube está num momento, quase único da sua história, em que ainda não conheceu a derrota nas provas em que participa. Actualmente está com 14 vitórias e dois empates. A Planície entrevistou o treinador do plantel principal, José Luís Prazeres.
Num balanço à primeira volta, o técnico salientou que a expectativa foi sempre a de “criar uma equipa competitiva” e que houve “muito trabalho durante a pré-época para o fazer e criar um espírito de grupo e uma equipa que nos desse garantias de fazer melhor do que no passado. Com todo o respeito e com toda a honra de ter trabalhado com outras pessoas que muito me deram e muito me acarinharam, foram sempre muito honestas comigo. É fácil perceber que o Moura é grande, mas é muito mais fácil perceber que o clube é ainda muito maior quando estamos cá dentro. Conseguimos construir uma equipa competitiva, o que nos deixa de certa forma bastante agradados com tudo aquilo que temos.”
Quando confrontado com a pergunta de subida de divisão, José Luís Prazeres respondeu de forma directa: “As subidas de divisão trazem sempre os dois lados da medalha, pode ser aposta falhada ou pode ser uma aposta ganha. Este plantel foi traçado para fazer melhor do que no ano passado, porque assim o Moura Atlético Clube o obriga. Estamos no caminho que queremos e motivados e também cientes da responsabilidade, que é envergar a camisola deste emblema e sobretudo definir o símbolo do clube. Estamos conscientes da realidade e construímos claramente algo que nos dá garantias de ambicionar cada vez mais, e é isso que nós queremos para o futuro.”
Em relação à aposta das camadas jovens o treinador salientou que “é muito complicado, porque se há 20 ou 30 anos atrás tínhamos apenas o futebol, nos dias de hoje há muitas outras coisas. A responsabilidade de terem aparecido grandes estrelas mundiais obriga, e cria muitas vezes nos pais, uma sensação de algum conforto económico com aquilo que os filhos podem alcançar. Mas depois há o reverso da medalha, que é a falta de compromisso por parte dos atletas, o que para os clubes com aspiração, o caso do Moura Atlético Clube, é muito difícil. Pode haver qualidade, mas infelizmente, e lamento dizer, não há compromisso por parte da juventude, não é só em Moura, mas é em todo o lado porque só dizer não chega, tem que se provar o que se quer.”
Moura AC Academy – Um projecto inovador de futebol para jovens
O Moura Atlético Clube é parceiro em um projecto recente na cidade. Uma academia em que aposta em jogadores de outros países. Em relação a este assunto, o responsável da equipa sénior do MAC lembrou que “é uma iniciativa que não tem a mínima interferência no que é a minha vocação para a qual eu fui escolhido.” Mas “é uma mais valia para o clube, é bom para a cidade de Moura. Consegue trazer muita gente, mais investimento e notoriedade, e aparece em diversas cidades, visto que uma academia leva sempre o nome de Moura mais longe. Os atletas que estão incluídos neste projecto querem isto e vivem isto.”
Actualidade do futebol no distrito de Beja – Entrevista com João Daniel
Conhecedor de futebol como jogador e treinador, ficámos também a saber a sua opinião em relação ao desenvolvimento dos clubes do distrito de Beja. “Vejo claramente evolução nas estruturas dos clubes, visto que no meu tempo os campos de futebol eram “pelados”, mas as estruturas eram rodeadas de muitos directores que abdicavam do seu tempo pessoal e familiar para ajudar os clubes, sem qualquer tipo de interesse privado. Hoje é mais difícil nesse sentido, há menos gente a querer ajudar e com menos responsabilidade. Penso que o futebol distrital está num caminho extremamente complicado visto que há menos gente, cada vez há menos jogadores e menos pessoas no futebol sénior. Há também mais jogadores a chegar de outras zonas do globo, um aspecto à modalidade, mas de uma forma geral sinto que o futebol distrital está a atravessar uma má fase”, palavras do treinador do Moura Atlético Clube, José Luís Prazeres, em entrevista à Planície.