A campanha 2023/2024 da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB), terminou com a recepção de 47 milhões de quilos de azeitona, um aumento sobre a quantidade inicialmente estimada pelo presidente José Duarte com uma variação entre os “35 e os 40 milhões de quilos de azeitona”. No entanto, este crescimento não se traduz em maior porção de azeite, pelo contrário. “A quantidade de azeite que nós extraímos por quilo de azeitona, foi efectivamente muito baixa e vamos estar praticamente em linha com aquilo que eram as nossas melhores previsões. O facto de termos mais quilos de azeitona, não nos vai dar na proporção mais quilos de azeite porque tivemos um rendimento mais baixo”.
O factor que influenciou esta realidade prende-se fundamentalmente com a seca, isto porque, “este era um ano de safra, ou seja, deveria ser uma campanha grande”, salientou o empresário agrícola, apesar de considerar que mesmo com este handicap, “foi uma campanha positiva a nível de quilos de azeitona e que nos permite ter azeite para satisfazer as necessidades de mercado”.
A segunda maior campanha de azeitona da CAMB, a deste ano, não se traduziu depois na correspondência de azeite como já referimos, nada que se compare aos números de há dois anos, com “62 milhões de quilos de azeitona”, um verdadeiro record de produção, admitiu José Duarte.
Além da falta de água, também “o calor intenso nas alturas chave de todo o processo produtivo da azeitona – a formação do fruto, com ondas de calor no momento da floração, que afectaram bastante”, afirmou. A juntar a estes factores, “o verão foi muito prolongado e seco, com temperaturas muito altas que prejudicou também o desenvolvimento do fruto”, ressalvou o administrador da CAMB.
As alterações climáticas não influenciaram, no entanto, a qualidade do azeite. “A campanha começou em outubro de 2023 e grande parte das nossas entregas e de toda a produção de azeitona, foi feita até dezembro do ano passado. Mais de 98% dos nossos azeites, estão classificados laboratorialmente como virgem ou virgem extra, com uma qualidade extraordinária”, garantiu o responsável.
Num ano particularmente difícil como o de 2023 no que diz respeito à produção de azeitona, o resultado foi a escassez de produto, particularmente no Azeite Moura DOP (Denominação de Origem Protegida) para comercialização. Uma situação que aconteceu “pela primeira vez desde que me lembre”, observou José Duarte.
Importa agora explicar o que sucedeu com a falta de produto para comercialização e que levou a um esclarecimento por parte do Conselho de Administração da empresa. “A cooperativa, sendo uma organização de produtos, só pode vender azeite proveniente das produções dos seus associados. Nós não compramos azeite, nem azeitona a terceiros. Viemos de uma campanha de contrassafra de apenas 27 milhões de quilos azeitona e de 4 milhões e 300 mil quilos de azeite, que não dava para satisfazer as vendas do nosso embalado. Apesar de termos usado algum azeite que tínhamos em stock para embalado, a nossa produção de azeite de qualidade foi toda direccionada para embalado e chegámos a setembro e ficámos sem azeite”. A prioridade de entrega foi com os parceiros com quem a CAMB tem contratos e “que muitos deles acabaram por levantar mais azeite em alguns períodos do ano do que seria normal”, sublinhou.
A situação será resolvida em breve, já que a empresa está a preparar a entrada do produto em mercado e crê que é possível “no fim de janeiro, início de fevereiro, ter azeite disponível em prateleira e para abastecer o mercado durante todo o ano de uma forma normal”, afirmou o presidente da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, José Duarte.
Entrevista completa para ouvir hoje às na Rádio Planície e em planície.pt