O NAV – Núcleo de Atendimento à Vítima de Beja, um serviço que faz parte da Associação de Mulheres Moura Salúquia, deu a conhecer através da partilha do seu boletim, o trabalho desempenhado durante o ano de 2023, em que encerra com cerca de 400 atendimentos a vítimas de violência doméstica, “realizados em todo o território de intervenção NAVBeja e correspondentes a 95 vítimas em acompanhamento”, pode ler-se no boletim enviado à Planície.
Os atendimentos têm a finalidade de promover o empoderamento e segurança da vítima, ao mesmo tempo que previne a revitimação. As idades das mulheres nesta condição voltam a situar-se entre os 26 e os 45 anos, dados semelhantes aos dos anos anteriores, sendo o tipo de violência mais frequente a de natureza psicológica e física.
Nas suas áreas de intervenção, o NAVBeja considera essenciais a área da Informação, Sensibilização e Educação, no sentido de promover através de acções conceitos como a cidadania e a igualdade de género, “alterando estereótipos, preconceitos e práticas ligadas à violência doméstica”.
Concelho de Moura – Acompanhadas 17 crianças e jovens vítimas de violência doméstica
O relatório informativo destaca a realização de cerca de 30 iniciativas de sensibilização sobre violência no namoro e igualdade de género, feitas não só “em contexto educativo, como dirigidos a outros públicos específicos e comunidade em geral”.
A sensibilização tem sido um dos factores preponderantes no combate à violência doméstica e na promoção da igualdade de género, mas os indicadores, segundo o boletim, revelam que este “trabalho interventivo não pode abrandar” e que é preciso continuar esta mudança.
Os números denunciam a realidade conforme mostra o documento: no mundo inteiro, 25% das mulheres e raparigas são vítimas de Violência de Género; em Portugal, 82% das vítimas de abuso sexual são do sexo feminino, com 93,6% das vítimas de violação serem mulheres. Entre 2019 e 2022, morreram no nosso país 93 mulheres em contexto de Violência Doméstica.
O NAVBeja também permitiu o apoio psicológico a crianças e jovens vítimas de violência doméstica entre 2021 a 2023, com o acompanhamento de 66, num total de 858 atendimentos. O perfil apresenta 32 vítimas do sexo masculino e 34 do sexo feminino, com 89% de nacionalidade portuguesa. As idades entre os 07 e os 10 são as que anunciam um maior número de processos, 21, seguido pelo grupo entre os 03 e os 06 anos com 15 processos e por último, os de 13 e os 15 anos, com 12 processos acompanhados. Através do projecto Cuidar, extinto em junho deste ano, foi possível fazer este trabalho.
No que diz respeito a 2024, o trabalho do Núcleo de Apoio à Vítima de Beja, passa por quatro áreas estratégicas. Entre as enumeradas, está a promoção do atendimento, protecção, integração social e prevenção das vítimas de violência doméstica. Também a promoção da cidadania e igualdade de género, a melhoria da eficácia e qualificação dos profissionais que intervêm na temática e o alcance de um conhecimento mais profundo sobre “as dimensões estruturais da violência doméstica” publicados na informação do núcleo.