O presidente da Associação Solidariedade Imigrante (SOLIM) da Delegação de Beja, Alberto Matos, foi contactado pela Planície e deu a sua opinião sobre a situação dos 100 imigrantes que viviam em condições desumanas no concelho de Cuba e de Ferreira do Alentejo e na detenção de 28 pessoas que pertencem a uma rede de tráfico de seres humanos.
“A primeira imagem que nos vem à memória, é a de uma operação que ocorreu há um ano também a partir do concelho de Cuba e que mobilizou para Beja uma megaoperação da Polícia Judiciária (PJ). Todos percebemos que não estamos a falar de casos excepcionais, isto é a regra. Mesmo que haja operações destas todos os meses e não apenas de ano a ano, os resultados vão ser os mesmos. É isto que se passa na agricultura do Alentejo, em particular durante o período da azeitona, mas não só”.
A Planície foi conhecer a realidade dos imigrantes no concelho de Moura
E continua: “Falamos de intermediários mafiosos que não pagam aos trabalhadores, que os maltratam e os mantêm em condições de habitação inacreditáveis, desumanas. Sabemos todos disso nas nossas aldeias”, afirmou Alberto Matos. Um problema que irá persistir pelo menos “enquanto o modelo da agricultura continuar a ser este. Eu pergunto: onde são as herdades para onde são levados os trabalhadores? Para quem prestam serviço? Aqui, há os cúmplices, os beneficiários que são de facto os grandes senhores do agronegócio e da agricultura intensiva que ganham”.
O responsável da associação conclui, referindo que “os proprietários que utilizam esta mão de obra são tão responsáveis ou mais do que os mafiosos que contratam para explorar os trabalhadores”.