Os pratos de caça representados este fim de semana em Moura, 25 e 26 de novembro, em mais uma Semana Gastronómica, motivou uma nova tertúlia na Taberna do Liberato, com vários convidados ligados ao sector cinegético, onde se falou da actualidade da caça no concelho de Moura e a sua ligação à mesa dos Alentejanos.
Pratos confeccionados com saber e sabor na cozinha do Liberato, puderam ser apreciados numa combinação perfeita de feijão branco com lebre, tordos fritos, canja de perdiz, perdiz de caril, grão com lebre e coelho frito, acompanhados com pão e um vinho escolhido a preceito.
Muito mais do que um hobby, a actividade tem uma componente bastante importante de reunir um interesse comum entre os participantes, em momentos de convívio e de amizade. Para quem não sabe, a cidade tem um historial de várias gerações ligados ao sector e que ainda hoje mantém viva essa tradição.
Nestes encontros de tradições, cultura e história, ficámos a saber que a diversidade de caça em Moura é grande, mas que entre este Município e as freguesias de Santo Amador e Safara, é possível usufruir de caça menor. Já em Santo Aleixo da Restauração, “reina” a caça maior.
Não se pode falar neste assunto, sem esquecer a actual agricultura do concelho que segundo os caçadores, “prejudica a caça” e onde já se perderam zonas próprias devido “à desmatação, cultivo e criação de gado”. Aqui, também as alterações climáticas têm contribuído para o declínio da actividade, segundo referência dos entrevistados.
Também o negócio das lojas da especialidade de armas e munições, “está cada vez mais difícil”, por um lado devido à burocracia da legalização e por outro, à falta de animais para caçar pelos motivos já referenciados.
Mesmo assim, esta é uma paixão que une os nossos caçadores e que promete continuar até as forças lhes permitirem. E, se a relevância da actividade hoje é menor, tempos houve em que no concelho de Moura havia grande quantidade de caça, que diariamente era levada por estafetas para Lisboa para ser vendida nas charcutarias da capital.
E, porque estamos nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, fica uma importante nota histórica em jeito de conclusão: após a data, surgiu um interesse pela caça maior no nosso concelho, mas que segundo os intervenientes presentes, esse boom de caçadores não foi tão bem aproveitado como deveria ter sido e como outros concelhos o fizeram.
Participaram nesta tertúlia José Chaparro, João Alfaiate, Manuel Cochucha, António Godinho, José Alvarinho Reis, Estevam Nogueira, João Paulo Graça, Jorge Liberato, José Chamorro, Francisco Manta, Francisco Fachadas Marques e a Planície como parceira na divulgação.