Moura – “O Mochileiro” filme vencedor do concurso de curtas-metragens

As quatro Curtas-Metragens apresentadas este sábado, dia 4, em Moura, inseridas nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, premiaram o talento de histórias inspiradas na vida real onde o mote central foi “O Contrabando na Raia”. A autarquia promoveu o debate à volta da temática para contribuir essencialmente para a preservação da memória de um tema que diz muito ao concelho de Moura.

“O Mochileiro”, da autoria de José Manuel Campos, natural de Alcácer do Sal, mas que conhece bem Santo Aleixo da Restauração por razões familiares, venceu o 1º prémio no valor de 600 euros, uma história que remonta ao ano de 1952 e retrata a vida de João, um contrabandista que se dedicou à actividade para ajudar os pais a pagar uma dívida. Mas um momento trágico mudou a sua perspectiva de vida: o assassinato do seu melhor amigo morto no contrabando de Espanha.
A mensagem desta curta de cerca de 15 minutos, que já estava “alinhavada”, como como disse à Planície o responsável pelo documentário, é dedicada ao “povo de Santo Aleixo”. “Já tinha algumas ideias, consultei mochileiros de Santo Aleixo que fizeram contrabando e com alguma pesquisa fiz o guião. Fui o produtor, o realizador e o editor do filme”. A causa foi abraçada pelas “gentes” da terra e está a ter “um bom acolhimento”. Algo que José Manuel Campos já esperava. “O povo de Santo Aleixo é assim, é especial, é diferente”, disse à Planície.

O 2º e 3º classificado com os trabalhos “Contenda – Palco de Contrabandistas e de Contrabando” e “A Herança dos Contrabandistas”, criados por Isabel Balancho, natural de Santo Aleixo da Restauração, arrecadaram 300 e 150 euros respectivamente e, contam as histórias dos povos raianos de Portugal e Espanha, com experiência de vida difíceis.
O primeiro filme é passado em agosto de 1953 durante a Festa da Tomina e tem como cenário principal a taberna, local onde os contrabandistas delineavam os seus caminhos, neste caso, o da Herdade da Contenda, palco para esta actividade que era feita na calada da noite, com a GNR no encalce de quem a praticava. Aqui, o desfecho é igualmente trágico com a morte de um contrabandista.
Sobre a história, a autora, afirmou em conversa com a nossa redacção, estar a desenvolver “há mais de 11 anos uma pesquisa sobre o contrabando na raia”, mas acima de tudo o que move Isabel Balancho “é o orgulho de representar as nossas gentes”.

O 3º prémio, “A Herança dos Contrabandistas”, é especial e mais uma vez, o “amor à terra, a este bocado de terra alentejana”, esteve na origem da narração que contam memórias que não devem ser esquecidas.
Nos dias de hoje, a escritora gostaria que estes filmes contribuíssem para alavancar o turismo da região. “Não vejo outra saída para o desenvolvimento de Santo Aleixo (da Restauração)”. Destas duas rotas pode sair “um documentário promocional para atrair turistas ao concelho se forem bem exploradas e organizadas. Pela rota da Contenda Norte ou Sul, tudo se desenvolveria. Santo Aleixo está a morrer e se não for a Contenda, não temos outra hipótese”, defendeu Isabel Balancho.

O 4º classificado, “Era uma vez a Este”, reflecte igualmente uma imagem de vida ou de morte e a forma como muitas vezes terminavam este “negócio” de sangue.
O “Contrabando na Raia”, demonstra em curtas-metragens o que foi a imagem do Alentejo entre 1930 a 1960.

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