Moura – Campanha de Azeitona arranca dentro de uma semana

A Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB) arranca com a campanha de azeitona dia 16 de outubro, este ano com uma produção estimada nos 35 milhões de quilos de azeitona, números superiores aos do ano passado que se situaram nos 27 milhões de quilos.

O presidente da CAMB, José Duarte, lembrou que a campanha de 2022 “foi muito fraca” e que este ano, também não é fácil apontar números. A razão prende-se com o facto de “60% do olival da área da cooperativa, ser olival tradicional de sequeiro e que foi muito afectado pela seca”. Uma seca que convém não esquecer, “já dura há duas campanhas. Os olivicultores estão a viver uma situação aflitiva, porque além de não terem produções, também os factores de produção continuam a subir”.

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A realidade, segundo o responsável da cooperativa é difícil, isto porque os agricultores continuam a gastar verba para manter esses olivais em produção”. José Duarte ressalvou que sabe que serão compensados “obviamente pelos olivais de regadio, os poucos que temos, mas dentro da cooperativa também será uma campanha fraca”.

As previsões inicialmente não eram estas na CAMB. O prognóstico é de que seria “uma campanha normal ou alta, até porque este era um ano de produção, mas infelizmente devido à seca e ao calor extremo que também se sentiu na altura da floração, o fruto acabou por não vingar”. Associado a estas alterações de clima, “os episódios de geada no mês de fevereiro, afectaram principalmente os olivais mais modernos”, o que prejudicou a produção.
Com duas campanhas de azeitona “fracas” e com o aumento dos factores de produção, os preços do azeite disparam. O empresário agrícola explicou o cenário previsível. “A nível de produção média por ano, o sector do azeite mundialmente produz mais ou menos três milhões de toneladas de azeite. 50% dessa produção, cerca de 1 milhão e meio de toneladas, são de origem espanhola”. O que acontece é que também no país vizinho, “a maioria do olival também é de sequeiro e também está a ser afectado pela seca”, destacou José Duarte. Nesse sentido, Espanha registou cerca de 700 mil toneladas o ano passado, “bastante abaixo do normal”, assegurou o representante dos agricultores do concelho de Moura.

No entanto, foi possível utilizar a nível mundial, “stocks de azeite que normalmente passam entre campanhas e que foi mais ou menos de 500 mil toneladas, sendo que o azeite disponível o ano passado ficou dentro dos valores anuais”.
Excluindo Espanha, a produção mundial de azeite estará dentro do normal. O que se prevê que falte no mercado são cerca de 800 mil toneladas, porque como já referiu José Duarte, “o ano passado ainda se conseguiu compensar utilizando stocks de azeite de outras campanhas” e, “não há stocks que passam desta campanha para a próxima porque não há azeite”.
Neste caso, “é a lei do mercado a funcionar para regular o consumo e termos azeite ao longo do ano. É preciso ter noção de que mesmo que houvesse uma campanha com azeite, o preço tinha que subir porque os factores de produção e as taxas de juro aumentaram muito e o azeite tinha que acompanhar esse aumento”.

A última actualização de preço da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos foi em agosto, em que “ajustou a subida do azeite aos preços de mercado. O azeite que tínhamos disponível para venda, saiu todo”, declarou o presidente da cooperativa.
Como informação a reter, em 2022 a CAMB vendeu 82% do azeite no mercado português e os outros 18% para exportação, sendo o azeite virgem extra o mais consumido dentro e fora do país.

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