O Partido Comunista Português realizou durante o passado fim de semana, um conjunto de visitas e contactos com produtores de cereais do Alentejo, procurando auscultar as dificuldades que estão colocadas e, simultaneamente, dar a conhecer as medidas que o partido defende para a produção de cereais.
Seca – Cereais de inverno, forragens e pastagens “fortemente prejudicados”
O Projecto de Lei que visa a realização do cadastro nacional de solos com especial aptidão para a produção de cereais, a promoção da produção de cereais e a definição de medidas para acompanhamento da execução da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, vai ser debatida na Assembleia da República esta quinta-feira, dia 28 de setembro.
Na iniciativa legislativa apresentada o partido pretende por um lado, “garantir protecção aos solos com boa aptidão agrícola para a produção de cereais, promover a produção de cereais e garantir o seguimento, no concreto, do que vai sendo posto em prática no âmbito da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais”.
Numa matéria que considera “de elevada importância para o país como é a produção de cereais”, o deputado João Dias, eleito por Beja, nas visitas realizadas a Ferreira do Alentejo e à Comporta, identificou uma “situação ainda mais grave do que aquela que tínhamos informação”, segundo declarou à Planície. “Nos próximos três anos dificilmente haverá quem esteja a produzir cereais”, uma das conclusões retiradas após o contacto com os agricultores. “Hoje só é viável produzir cereais com acesso à rega, mas a situação está de tal forma dramática, porque o que está em causa é o rendimento de quem os produz, que deixou de ser rentável. Quase que os agricultores pagam para produzir cereais”.
João Dias diz que estamos a assistir à situação de ser o mercado a “determinar e a empurrar os produtores para a produção de olival. Neste momento o preço do azeite pago ao produtor vai ser de 8 euros e poderá chegar aos 10 euros”. Isto significa que um “garrafão de azeite (5 litros), poderá chegar aos 50 a 60 euros em breve”.
O deputado reforçou que seja feita “uma carta de aptidão de solos para que se identifiquem quais os que têm perfil para a produção de cereais e que sejam protegidos para essa finalidade. Mas tem de haver medidas e apoios para que seja rentável”. O que está aqui em causa “é a soberania e segurança alimentar”, defendeu João Dias.
O Partido Comunista Português, assume que “no actual quadro de crise, continuam a faltar estratégias e medidas concretas para combater o abandono das actividades agrícolas e agropecuárias, para incentivar a produção nacional de bens alimentares essenciais, com destaque para o sector dos cereais”.