A história da Feira de Setembro em Moura e a ligação à Festa Brava

As conversas, o convívio e acima de tudo a simplicidade das palavras, dão a conhecer a nossa essência. Tradições, cultura e história foram temas falados durante uma tertúlia realizada ontem na Taberna do Liberato, onde a Planície foi parceira, e presenciou, com a companhia de António Godinho, José Alvarinho Reis, José Chaparro, Valter Rico, João Paulo Graça e Jorge Liberato, uma conversa que abordou a história da Feira de Setembro e a sua ligação à tauromaquia.

Factos importantes que situam desde logo este acontecimento: a feira actual é uma das mais antigas do país e remonta ao ano de 1295, século XIII, tendo sido criada por D. Dinis.
Os dias do evento comercial chegavam a ser 15, por isso iniciava pouco depois do feriado de Santa Maria, 15 de Agosto, por ser a transição da agricultura de verão para a de inverno. O negócio era feito num mercado de grandes dimensões e direccionado a quem trabalhava a terra, onde era comercializado todo o tipo de utensílios para o tempo de inverno.
Uma das tradições mais antigas era a chamada corredora, o local onde se vendia e comprava animais na feira e que respondia às necessidades agrícolas e pecuárias da região. Os pastores também vinham de longe com o seu gado para negociar e pernoitavam no campo durante estes dias.

leia também
Moura – Feira de Setembro 2023 está de volta com Artesanato, Turismo e Natureza

Outro facto interessante era a “vida” que a feira originava na cidade de Moura. Na década de 60/70, existiam várias estalagens na zona da Porta Nova, onde os feirantes passavam as noites.
Para terminarmos esta viagem no tempo, os mais velhos lembrar-se-ão certamente da venda de água ao copo nos cântaros e o conhecido capilé, servido para matar a sede que o calor provocava. Memórias da cidade de Moura contadas na 1º pessoa durante a tertúlia que juntou vários amigos.
Antiga é também a tradição das corridas de toiros por altura da Feira de Moura, considerada como uma das mais marcantes. Toiros, cavaleiros e forcados, são sinónimo da “afición” dos mourenses e de quem por aqui passava. Da história até aos dias de hoje, o caminho do Real Grupo de Forcados Amadores de Moura com 52 anos, tem honrado o nome da terra e dos bravos que por lá têm passado e permanecem.

A época termina precisamente com a corrida deste sábado, dia 09, inserida na Feira de Setembro, onde o grupo de jovens rapazes de “sangue na guelra”, “pega em solitário” seis toiros.
Apesar das actuações bem-sucedidas do grupo, com entrada de muitos jovens, este foi um ano particularmente difícil para o R.G.F.A.M. com o desaparecimento do ex-forcado Walter Machado e pela morte abrupta de Cláudio Pereira “Cassiano”, um dos membros que ainda estava no activo.
Pode ver e ouvir a conversa, gravada na Taberna do Liberato, no nosso site www.planicie.pt

Scroll to top
Close
Browse Tags