A poucos dias da realização da Festa de Moura 2023, evento marcado de 13 a 17 de Julho, a Planície entrevistou dois membros da Associação Cultural em Honra de Nª. Srª. do Carmo: José Duarte e Francisco Guerreiro, onde foi feito um balanço do trabalho realizado ao longo do ano, do apoio da comunidade mourense aos cerca de 20 elementos que compõe a Comissão de Festas, da gestão do dinheiro da respectiva associação e do futuro de uma tradição que “não pode morrer”, como referiram.
O resultado “é extremamente positivo”, segundo palavras de Francisco Guerreiro, “de um momento alto a todos os níveis, tanto financeiro e daquilo que é a nossa satisfação pessoal”. “Desde o primeiro momento, que começou na Feira de Setembro do ano passado, sentimos que ganhámos a confiança da população de Moura. As pessoas estão connosco, vão aos nossos eventos e apoiam com tudo o que podem”.
É este o sentimento, de “quase dever cumprido” e “da ligação das pessoas à Nª. Srª. do Carmo e aos festeiros”, realçou.
José Duarte recordou que desde 2018/2019, não havia uma Comissão de Festas em Moura “a fazer o ciclo completo” devido aos anos marcados pela pandemia, ou seja, este seria mais um desafio do grupo, “o de trazer as pessoas de volta à associação e tivemos por parte da comunidade, uma adesão fantástica, não só a nível particular, mas também empresarial. Tivemos muito apoio das empresas e a própria Câmara Municipal de Moura a nível logístico, esteve sempre presente. Quando tudo isso se conjuga, é mais fácil atingirmos um objectivo”.
Ao longo de um ano de trabalho intenso, foram muitos os eventos preparados pela equipa, não só com a missão de agradar à comunidade, mas com o objectivo de angariar dinheiro. A gestão das contas “está em dia, mas ainda falta muito para a festa estar paga”, explicou José Duarte.
O resultado das verbas é proveniente das actividades organizadas e das “receitas das publicidades do livro, do peditório e das entradas do fim de festa. Segundo as nossas previsões e se não houver nenhuma factor anormal, irá estar tudo pago quando terminarmos”, garantiu a organização.
Um dos montantes mais altos e que tem sido levado em conta pelas diferentes Comissões de Festas de Moura, é aquele que é destinado aos músicos e bandas que actuam nestes dias. Essa coordenação foi o ponto de partida do grupo, como disse José Duarte. “Os artistas começaram a ser pensados em Setembro/Outubro”, mas as contratações só a partir de Janeiro deste ano. “O primeiro foi o Tony Carreira por uma questão de agenda do próprio. Depois, em função dos resultados das nossas actividades e da nossa planificação, fomos gradualmente fechando artistas”.
A contratação implica um trabalho de bastidores bastante complexo, que muitas vezes o público desconhece. As exigências de camarim, como adiantou a associação, “são cada vez mais difíceis”, não só neste aspecto, “mas a nível de som, de palco e de alimentação. Não é só contratar o artista, é todo o trabalho de backoffice que é feito para satisfazer todas as exigências que nos são impostas”.
A verdade, é que o cartaz está fechado, com nomes relevantes de artistas da terra e de fora e aquilo que se espera para a noite de 17 de Julho, é o culminar de muita dedicação, esforço e empenho, durante largos meses.
O legado, será passado a uma nova comissão. “Diz-nos a experiência que normalmente nos dias de festa é que se formam as comissões, no calor do momento é que se juntam os grupos e decidem avançar”, afirmaram. “Não podemos deixar morrer as nossas tradições. A festa em Honra de Nª. Srª. do Carmo é a maior tradição que temos no nosso concelho” e a procissão de domingo, dia 16, “é o momento alto da Festa de Moura”.
Por ser a padroeira da terra e pela devoção dos mourenses à “sua santa”, José Duarte deixou um apelo importante. “A situação estrutural da Igreja do Carmo não é a melhor, existem problemas no telhado e corremos o risco de daqui a alguns anos, não podermos fazer a procissão ou Nª. Srª. não poder sair porque a igreja não está em condições”. Por isso, “lanço um desafio à Paróquia e à Câmara Municipal de Moura no sentido de se encontrar uma solução para a reparação do espaço, que não é propriedade do Estado, é da Paróquia. Estamos a falar de uma igreja que faz parte da história de Moura e de Portugal, por ter sido o primeiro Convento Carmelita da Península Ibérica”.
Símbolo de fé, união, confraternização e muito convívio, a Festa de Moura 2023, de 13 a 17 deste mês, é o evento mais aguardado pela comunidade e por quem está fora e regressa à sua terra natal.