Foram divulgadas recentemente pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), as conclusões do Plano Estratégico e de Acção do Javali apresentadas a 30 de Maio, em Évora, onde o documento confirma a sobrepopulação de javalis em Portugal, com cerca de 300 mil indivíduos. A informação destaca a necessidade de reduzir o número de animais para que se evite estragos na agricultura e seja restabelecido o equilíbrio do próprio ecossistema e muito importante, para mitigar o número de acidentes rodoviários.
No concelho de Moura não se sabe ao certo quantos animais existem, sabe-se que são em número considerável e que causam prejuízos nas terras.
Sobre esta matéria, a Associação de Jovens Agricultores de Moura (AJAM), “concorda com os resultados” apresentados no documento do ICNF, conforme explicou em entrevista o vice-presidente da associação, Miguel Pedro. “Há uma liberalização da caça ao javali durante todo o ano no modo de espera e não estamos só restringidos a 10 dias do período de lua. É preciso dar poder de gestão onde há sobrepopulação de javalis para se poderem caçar, porque a caça é a única ferramenta de gestão”.
E, se no passado, existiam mais javalis concentrados nas áreas raianas de Santo Aleixo e Barrancos, hoje já não é bem assim. “Presentemente, há muito menos porque estão disseminados por todo o território e em zonas onde não os havia”, referiu Miguel Pedro. “Os novos olivais são sim um maná de refúgio e de alimento para estes animais, ou seja, há uma quantidade de milhares de hectares, olivais e amendoais, que vieram dar abrigo a toda esta população, com grande poder de reprodução”. O facto de serem “omnívoros, ou seja, de se alimentarem de quase tudo”, também contribui cada vez mais, para essa propagação da espécie.
Os prejuízos efectivos na agricultura do concelho de Moura são notados como adiantou a AJAM, sobretudo “nos olivais jovens, onde eles desenterram as plantas e nos protectores (olivais), um refúgio de caracóis”, um alimento bastante apreciado pelos javalis.
Às pragas de animais na região são ainda atribuídos vários acidentes rodoviários. Os dados enviados à Planície pelo Comando Territorial da Guarda Nacional Republicana de Beja apontam em 2022, para 17 acidentes entre os municípios de Moura, Serpa e Barrancos e em 2023, até à data, foram contabilizados 12 nos concelhos em questão.