Depois de concluírem o ciclo de visitas dedicadas à situação de seca no Alentejo aos concelhos de Montemor-o-Novo, Ponte de Sor, Santiago do Cacém, Odemira, Serpa, Beja e Moura, foram várias as conclusões dos dirigentes do PCP e do deputado João Dias, com quem a Planície falou.
A situação já prevista pelo partido, mostrou “realidades distintas no Alentejo”. E, se no “Norte e Alentejo Central, as reservas de água estão a satisfazer nas barragens com níveis de 85%, no Litoral Alentejano, as reservas são praticamente inexistentes, ou seja, a Barragem de Santa Clara é a que está mais compensada com 35%, o que é insuficiente”, acautelou o deputado.
A Barragem de Campilhas e Monte da Rocha com 12% e 10%, respectivamente, estão na sua capacidade de retenção. Esta situação, alertou o Partido Comunista Português, tem no imediato influência na agricultura e pecuária, quando já houve suspensão de fornecimento de água para agricultura no caso de Monte da Rocha e Campilhas e rateios no caso de Santa Clara e Alto Sado, “poderá vir a ter sérias e mais alargadas consequências, incluindo no abastecimento para consumo humano”.
Seca – O PCP está hoje de visita à Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos
Por este motivo, João Dias chamou a atenção para “um ano agrícola praticamente a zero” e um “problema grave com a alimentação animal. Neste momento, os dados que nos chegam, é que os agricultores/produtores não têm onde comprar, mesmo que queiram”.
Sem esquecer a importância do Bloco de Rega Moura/Póvoa/Amareleja, recordou que a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, “vai avançar com os 2.500 hectares”, mas faltam os “restantes 10.000. Já deviam estar concluídos em 2021 e estamos em 2023 e ainda não se vê obra no terreno”, afirmou João Dias.
Face à gravidade da situação, a deputada do PCP ao Parlamento Europeu, Sandra Pereira, entregou esta semana no Parlamento Europeu uma pergunta, onde questiona a Comissão Europeia sobre que apoios ao Sector Agrícola pode o Estado português mobilizar dos fundos comunitários? E quais os fundos, montantes e percentagens que podem ser dirigidos aos pequenos e médios agricultores?
O partido diz que continuará a intervir na Assembleia da República “com vista a garantir diversas medidas, várias delas constantes do Projecto de Resolução que o PCP entregou no passado dia 3 de Maio”. Propõe entre outras medidas, o accionamento imediato da ajuda de crise no âmbito da Política Agrícola Comum, para que os agricultores afectados possam aceder a esses apoios extraordinários. A criação de um apoio extraordinário dedicado à aquisição de alimentação animal na pecuária e apicultura e a gestão da utilização da água para fins agrícolas, nos diversos aproveitamentos hidroagrícolas.