Médica da ULSBA aponta algumas soluções para a fixação de médicos na região

A abertura de 46 vagas na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), notícia que a Planície já destacou, suscitou uma conversa com a Directora Clínica da ULSBA, Drª Vera Guerreiro, especialista em Medicina Interna.

O contexto desta entrevista começou com a explicação da alteração da legislação, uma novidade que aconteceu este ano e proporcionou uma diferença ao nível das especialidades. “Nas que têm urgência, que é a grande maioria delas, os hospitais podem contratualizar com os médicos dentro deste limite de vagas que foi estabelecido. O nosso grande problema da instituição e da região, tem sido em preencher estas vagas, ou seja, na atractibilidade da instituição para que estes jovens recéns especialistas, permaneçam na instituição”.

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Das 46 ofertas, 16 são direccionadas para os cuidados de saúde primários, mais uma de saúde pública e 29 nas especialidades hospitalares, onde os incentivos financeiros podem fazer a diferença, conforme adiantou a médica. “Algumas das vagas têm um perfil diferente, são as chamadas vagas carenciadas, em que podemos oferecer um suplemento remuneratório como forma de aliciar a realização de contratos em áreas de maior necessidade”. Contudo, “nas especialidades com capacidade formativa, temos conseguido ficar com alguns médicos, nas que não temos, já é mais difícil aliciar alguém de fora para vir fazer contrato com a nossa instituição”.
Na prática, explicou Vera Guerreiro, “acaba por ser pouco para ser esse o único factor decisivo para uma mudança de localidade para jovens médicos”.

A especialista é da opinião que é preciso haver uma mudança nos critérios remuneratórios e dos incentivos na região, o que pode ser uma solução para atrair mais profissionais de saúde para o Baixo Alentejo. “Para locais como o nosso, que não tem a ver só com o hospital (José Joaquim Fernandes) em si, mas também com a região, é necessário haver um conjunto de condições para que alguém pense em mudar a sua vida. Falamos da família, dos cônjuges e dos filhos. Há vários países que já pensaram na questão da sede fiscal em IRS (redução de impostos no IRS) e as próprias autarquias podem arranjar atractivos para a fixação de médicos. Tem de ser pensado algo mais global e com um foco diferentes nestas áreas”.

Da sua experiência pessoal, Vera Guerreiro nasceu em Beja e só se ausentou durante o período da sua formação. “Também tem a ver com a especialidade que escolhi, que é Medicina Interna, em que temos capacidade formativa. Não me arrependo da minha opção e do ponto de vista profissional, não perdi nada, pelo contrário”. A médica diz que se sente “realizada” e pensa no que pode dar à região, onde tem a família. “É do meu interesse que as coisas continuem a funcionar de futuro e que o nosso hospital possa continuar a proporcionar cuidados de saúde à população”.
Apesar disso, percebe que a resolução não é fácil para quem vem de fora e não aquilo a que chamou “o vínculo familiar e emocional com a região e que seja difícil tomar esta decisão. De qualquer forma, temos de explorar aquilo que a região pode oferecer que zonas mais centrais não oferecem em termos de qualidade de vida”.

Essa satisfação pessoal e profissional reflecte-se no trabalho da especialista que não hesita em dizer que o que faz “corresponde às expectativas” que sempre ambicionou.

A Directora Clínica da ULSBA, Vera Guerreiro conversou com a Planície sobre a saúde na região.

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