Baixo Alentejo: Lidar com a identidade de género e orientação sexual dos filhos

No Dia Internacional da Visibilidade Trans, assinalado hoje 31 de Março, a Planície volta a trazer para discussão o debate promovido ontem pela Escola Secundária de Moura sobre “A Dimensão Ética e Política da Comunidade LGBTQIA+: o Respeito pela Diversidade e a Promoção da Igualdade”.
Em estúdio, esteve a professora de Filosofia em Moura, Soraya Conturbia e responsável pela iniciativa, que mereceu vários elogios da parte das intervenientes pela “coragem” que a instituição de ensino e a docente tiveram nesta abordagem, com o intuito de ajudar a esclarecer os alunos adolescentes que assistiram à palestra.

Também a psicóloga Ana Silva e Alexandra Freire, que vive de perto uma situação de identidade de género com a sua filha de 17 anos, marcaram presença.
Ambas, fazem parte da AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género, com sede em Lisboa, mas com representação em vários pontos do país, nomeadamente em Beja, onde vive e trabalha Alexandra Freire. “Somos uma associação de pais para pais”, explicou. “Se não formos nós que somos o porto seguro dos nossos filhos a fazer esse acolhimento…”. E deixou um apelo. “Ouçam os vossos filhos. Se não formos nós a validar esse pedido de ajuda, lá fora é muito mais complicado”.
A filha nasceu, como a mãe disse, “com o género masculino que lhe foi atribuído, com o qual ela não se identifica”.

leia também
Agrupamento de Escolas de Moura promove Semana da Leitura

O primeiro “coming out” ou “saída do armário” da jovem foi em Dezembro de 2019, em plena pandemia. “A minha filha costuma dizer que tentou sair do armário e que eu a empurrei novamente lá para dentro”, por isso, é importante que “nós pais aprendamos a lidar com estas questões, com a escola e a família”.
Neste processo longo, começou por procurar ajuda de um Pedopsiquiatra e depois foi encaminhada para a AMPLOS. “Quando os pais chegam à associação, o primeiro encontro é uma choradeira. É preciso calma, não é o fim do mundo, é um processo com o qual temos de aprender a lidar”, sublinhou.

Hoje, a filha de Alexandra Freire é “uma rapariga feliz. É ela”. “É muito corajosa, é ela que está a fazer o percurso e eu estou cá para a ajudar no que estiver ao meu alcance”. Orgulhosa da filha e também da “sua cidade”, Beja, onde a família foi sempre compreendida. “Não podia ter pedido uma escola melhor, assim como os colegas e amigos”, afirmou sentindo-se agradecida pelo respeito com sempre foram tratadas.

O ponto de vista da psicóloga Ana Silva, natural de Espinho, foi igualmente de grande importância para a conversa. “Os direitos das pessoas LGBTQIA+ são direitos humanos e, por isso, existe o papel dos Aliados, o meu caso, para lhes mostrar que não estão sozinhas. Estão lá para fazer uma luta conjunta e ultrapassar o paradigma de só estar na questão, se disser respeito”. A especialista acompanha de perto as situações dos pais que recorrem à AMPLOS.
As questões da identidade de género e da orientação sexual entre pais e filhos, foram abordadas e esclarecidas pela Planície.

Scroll to top
Close
Browse Tags