Alentejo atrai cada vez mais trabalhadores remotos

O conceito do trabalho à distância e dos chamados nómadas digitais, até então desconhecido da maioria dos portugueses, começou a ser uma realidade desde a pandemia, onde muitas das empresas recorreram a estes sistemas para continuarem as suas actividades.

Rita Valadas

O que é certo é que esta é uma realidade que veio para ficar, em especial nas regiões do interior do país, como é o caso do Baixo Alentejo.
A empreendedora Rita Valadas, proprietária do Burrico D’Orada – Turismo Rural & Experiência, na zona de Vidigueira – Moura, faz parte de uma comunidade, a Rural Move, que reúne informações e novidades sobre as localidades rurais.

Entre outras coisas, permite conhecer alojamentos, espaços de coworking e oportunidades de emprego, para quem está a pensar numa mudança de vida. “O nosso objectivo fulcral é a fixação de pessoas no interior e ajudá-las neste processo”.

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Este é um trabalho que a empresária está a realizar junto de algumas das câmaras com quem trabalha, “como Moura, Serpa, Vidigueira e Beja. A ideia é conseguir desenvolver algumas acções este ano para que haja disponibilidade da parte de alguns empresários, não só alojamentos, mas perceber que temos aqui um potencial fantástico”.
Rita Valadas explicou que a aposta na nossa região vai mais no sentido dos “trabalhos remotos” e não tanto dos “nómadas digitais, que muitas vezes não trazem viaturas” e que são conceitos diferentes. Neste caso, os locais de preferência onde permanecem estão situados perto de praias, mas também de serviços e centros de coworking.

Para quem desempenha a sua actividade à distância, a transição é feita “para territórios de baixa densidade e em zonas do interior de Portugal. Tivemos esse exemplo durante a pandemia, mas o paradigma mudou muito na actividade profissional e neste momento há muitas pessoas que já trabalham nas suas casas”, afirmou.

Essa mudança de trabalhadores remotos acontece numa faixa etária que se situa entre os “40 e até aos 50 anos” e actualmente com mais procura de portugueses, mas num futuro próximo, o objectivo “é ter outro tipo de nacionalidades”, sobretudo do Norte da Europa. O importante é dinamizar os territórios e ajudar nessa transição, “para que as pessoas sintam mais vontade de sair das cidades e vir para o interior”.

A empresária realçou que essa realidade tem de ser trabalhada em conjunto. “Penso que há vontade da parte dos autarcas, mas tem de haver sinergias entre os próprios munícipes, os pequenos empresários e as câmaras. Temos condições fantásticas para atrair este tipo de pessoas, trabalhadores remotos e é bom para todos, para os restaurantes, mercearias e para quem vende os seus produtos”.
Com uma visão de futuro, Rita Valadas é da opinião que “estamos num território fantástico, mas em bruto”.

Com uma perspectiva um pouco diferente ao nível da importância das tecnologias digitais para quem se quer fixar na região do Alentejo, Nuno Duarte, técnico de televisão e um dos organizadores do Summit Serpa 5G, realizado o ano passado, deixou uma nota importante: “As operadoras têm de dar um serviço melhor, com uma qualidade mínima de fibra para ter internet estável. Acima de tudo, o mais grave é o completo abandono das operadoras” na região para quem quer trabalhar remotamente.
Nuno Duarte divide o seu trabalho entre Vila Verde de Ficalho e Madrid e empurrado por esta situação, confessou que vai ter de passar muito mais tempo na capital espanhola para conseguir trabalhar.

As zonas do interior do país atraem cada vez mais trabalho remoto, mas é preciso criar condições junto das principais entidades para que esse facto seja uma realidade.

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