A Mestre em Música – Ana Prazeres, revela-nos o seu percurso e a infância em Moura

Com seis anos descobriu o gosto pelo clarinete na escola de música da Sociedade Filarmónica União Mourense “Os Amarelos”, em Moura. Falamos da clarinetista mourense Ana Prazeres, de 27 anos, onde em 2021, se formou como Mestre em Música pelo Conservatório de Amesterdão, cidade onde vive actualmente.

O que era mais um hobby, ganhou outra dimensão com a entrada da professora Elsa Marques na associação de música, que actualmente é uma das professoras de flauta do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, na cidade.

Ana Prazeres contou que de certa forma, esse foi um ponto de viragem na sua decisão e que influenciou o seu futuro. A professora deu-lhe a conhecer “uma abordagem fresca, nova e mais intelectual da Educação Musical e foi isso que começou a gerar mais interesse pela música. Foi também ela que me influenciou a entrar para o Conservatório (Évora) e que me ajudou na preparação das provas”.

Já na escola de música, a artista contou com a intervenção do professor alentejano Filipe Dias, onde começou a “frequentar estágios de orquestra, worskhops e masterclass”, sempre com muito interesse por essas actividades. “Também comecei a conhecer pessoas de vários pontos do país, algumas para quem a música era só um hobby, como eu na altura, alunos do ensino especializado artístico e até de licenciatura”.

Estes contactos foram muito importantes para Ana Prazeres. “Conhecer estes exemplos foi o que me fez encarar a música como uma profissão. Hoje em dia quando olho para esse momento, percebo que a minha noção de fazer arte mudou muito”.
Estava traçado o início de um percurso brilhante. E, porque sem ambição e esforço nada se consegue, passou pela Escola profissional Metropolitana em Lisboa, na classe de Iva Barbosa, uma presença de destaque do clarinete no nosso país.

Venceu o prémio de Solistas de Câmara do Conservatório de Amesterdão

A nossa entrevistada, saída deste cantinho do Alentejo, trabalhou com vários mestres de renome internacional e hoje, o seu nome faz parte da lista dos melhores.
Venceu o prémio de Solistas de Câmara do Conservatório de Amesterdão e foi galardoada com bolsas de mérito de instituições de referência.

Com outra “bagagem” e experiência, a mourense já definiu o seu caminho. “Neste momento estou a trabalhar como free lancer e é muito bom, porque tenho a liberdade de me dedicar a vários projectos ao mesmo tempo. Posso estar todos os meses com uma orquestra diferente, tenho a liberdade de escolher o que quero aceitar ou rejeitar e posso ao mesmo tempo, dedicar-me a projectos de música de câmara. Coisas que são um bocadinho fora da caixa”.

Para já, a vida de Ana passa por ficar nos Países Baixos, onde é freelancer e não pensa regressar a Portugal tão depressa. “O meu objectivo é conseguir um lugar numa orquestra. É muito difícil porque uma orquestra sinfónica tem dois a três lugares para clarinete, ou seja, quando as pessoas entram, ficam até à reforma e leva muito tempo até que volte a abrir uma posição. É um emprego para a vida”. Por outro lado, “não gostava de fazer isso até à reforma, porque o mundo também precisa de pessoas mais empreendedoras e artísticas”.

E explicou de que forma esse trabalho pode começar por ser feito. “A nível da educação, é preciso implementar artes no ensino geral. Precisamos de ensinar as crianças a ouvir e a interpretar porque vamos criar seres humanos mais criativos e empáticos”.

Embora tenha os dias bastante ocupados, a clarinetista ainda arranja tempo para dar aulas e para trabalhar na organização de uma orquestra de cordas, a Amsterdam Sinfonietta. “Este trabalho também me tem ensinado muito, porque é importante saber como é que funciona uma organização artística, já que enquanto performers activos não temos muito essa noção de gestão e programação. E se soubermos fazer isso, somos melhores profissionais”.

A Mestre Ana Prazeres, nascida em Moura, é uma referência na arte de tocar clarinete.