Violência doméstica aumenta no concelho de Moura

O ano de 2022 registou mais de 30 mil casos em contexto de violência doméstica, o valor mais elevado dos últimos quatro anos, segundo a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG). A mesma realidade, mas numa escala menor, aplica-se ao concelho de Moura, onde no ano passado foram 102 as vítimas de violência doméstica acompanhadas pela Associação de Mulheres Moura Salúquia. Este número superou 2021, em que houve o registo de 90 casos.

Estes dados são olhados com “preocupação” por uma das psicólogas da associação mourense, Ana Lúcia Pestana. “Durante a pandemia, houve mais dificuldade das pessoas em chegarem aos serviços de apoio, apesar do atendimento ter sido diversificado. A Moura Salúquia e o Núcleo de Atendimento a Vítimas (NAV), em Beja, tiveram um aumento muito significativo dos atendimentos telefónicos e atendimentos feitos através de outras plataformas à distância”.

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Mais do que dados estatísticos, falamos de vítimas que diariamente sofrem com esta problemática grave da nossa sociedade. Dos processos locais no ano de 2022, a profissional de saúde mental, revelou que existiram “73 novos casos o que é muito significativo. No total resultou em 485 atendimentos a vítimas de violência doméstica, um número que nos deve preocupar a todos. No que que diz respeito ao concelho de Moura, foram 35 os acompanhamentos, que se desdobra ainda na resposta a crianças e jovens vítimas de violência doméstica”, explicou Ana Lúcia Pestana.

Este é um serviço que a Moura Salúquia disponibiliza gratuitamente desde Agosto de 2021 e que só no ano passado acompanhou “66 crianças, 34 das quais no concelho de Moura, o que resultou em 250 consultas realizadas junto de crianças e jovens que sofreram violência doméstica”. Os dados significativos, obrigam, segundo a psicóloga a “uma reflexão conjunta”.

Isso só não basta. É urgente ajudar a diminuir este rácio e agir. “O nosso trabalho assenta numa lógica de parceria e acreditamos que é muito importante reforçar este trabalho. Estas vítimas estão em todos os serviços e se conseguirmos boas pontes com a acção social, a saúde, a justiça e a educação, estamos certos que os resultados são muito poderosos”, afirmou.

O haver esta sinergia entre todos estes sectores, significa que “há um assumir que o combate à violência doméstica é uma responsabilidade de todas as entidades e de todas as pessoas e não especificamente das que integram a rede de apoio a vítimas de violência doméstica”, disse a psicóloga.
A prioridade deve passar pela “aposta na prevenção que deve começar cada vez mais cedo”, com a sensibilização de “crianças e públicos estratégicos” para uma educação sem violência.

Foram bastante significativos o acréscimo de casos de violência doméstica no concelho de Moura, com as crianças e jovens entre as vítimas.

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