Pedro Miguel Fernandes Geadas, 29 anos de idade, natural de Moura, produto da “cantera” do Moura Volei Clube (MVC), percorreu todos os escalões desde o minivoleibol a sénior. Por motivos escolares saiu de Moura e enquanto estudante universitário representou o Centro de Vólei de Lisboa, (CVL).
Tendo tirado o curso de treinador de nível I ainda sob a égide do Moura VC, enveredou posteriormente por esta carreira, tendo tirado os cursos de nível II e posteriormente o de grau III, que permite orientar equipas da 1ª divisão. Após passagens pelo Sport Lisboa e Benfica (SLB) nas camadas jovens e Clube Vólei de Oeiras (CVO), na equipa sub 21, abraça este ano a liderança da equipa principal sénior masculino do Centro de Volei de Lisboa (CVL), que disputa o nacional da 2ª divisão.
Em 2017/2018 fui para o Sport Lisboa e Benfica, como adjunto da equipa Júnior Masculina e dos Seniores B, onde também joguei com o Miguel Sinfrónio
Pedro Geadas
O jovem mourense traçou o seu percurso de atleta e treinador à Planície” Quando saí do Moura Volei Clube em 2014, passei pelo Centro de Voleibol de Lisboa enquanto atleta, que era onde o meu irmão jogava na altura e lá permaneci até o fim da época 2016/2017. Na altura já era treinador, tinha começado cá como treinador dos Minis do MVC. Como queria levar o treino mais a sério acabei por treinar equipas de formação no CVL e depois de deixar de jogar, em 2017/2018 fui para o Sport Lisboa e Benfica, como adjunto da equipa Júnior Masculina e dos Seniores B, onde também jogou o Miguel Sinfrónio. Nesse ano fomos campeões nacionais de juniores, (vencemos o Castelo da Maia num jogo de que nunca me vou esquecer!) e vice-campeões nacionais de seniores na 3a divisão (perdemos na final de seniores com o Esmoriz B). Foi um ano memorável, atingimos tudo o que queríamos, que era subir à 2a divisão nos Seniores e ganhar o campeonato nos juniores. Foi aí que esta loucura começou e decidi enveredar pela área do desporto a 100%”.
O jovem treinador explica, como surgiu o convite para treinar o Centro Vólei de Lisboa” Na época seguinte agarrei uma equipa desde Infantis até Cadetes Masculinos, também no Benfica e passámos de 7o classificado no Campeonato na época 2018/2019 para 3o na Época 2020/2021. Foi um desafio giro, aprendi muito e nesses anos construímos uma equipa do zero e deixámos o futuro do clube garantido. O meu irmão esteve comigo durante esse tempo todo como meu adjunto. Em paralelo participava nos treinos dos seniores, ia ajudar quando podia, para poder aprender mais e evoluir. No meu último ano, em 2020/2021, já acumulava o cargo de treinador principal de Cadetes Masculinos, com o de adjunto de Sub 21. Na época passada decidi sair para o Clube de Voleibol de Oeiras, que tinha um projeto de subida à primeira divisão a 2 anos na equipa sénior. Fui treinar os Sub21, jogar contra os meus antigos atletas do Benfica, num campeonato em que todas as equipas tinham 2-3 atletas na equipa principal a jogar na primeira divisão. Foi muito estimulante e aprendi muito. Paralelamente estava a trabalhar na equipa sénior como estatístico e adjunto. Tive mais de 40 jogos num ano, em termos competitivos e de crescimento foi muito bom para mim e para os meus atletas. Desportivamente os seniores ficaram a 1 ponto do playoff de subida à primeira divisão e a minha equipa ficou em 5o no campeonato nacional, com equipas na nossa série como Esmoriz, Leixões, Benfica, Sp Espinho e Académica de Espinho. Nós íamos jogar no fim de semana e não sabíamos quem ia ganhar a quem, era um campeonato completamente imprevisível, não podíamos desligar nem fraquejar, foi importante para crescer. No entanto, quem está no desporto saberá que a qualidade não chega, é importante trabalhar de forma profissional e íntegra. Acabei por não querer continuar por não me identificar com o clube. Quando já estava liberto e sem clube, em Maio, o Presidente do Centro de Voleibol de Lisboa, que também foi meu treinador, lançou-me o desafio e eu estou feliz por regressar a uma casa que representei, agora com outra responsabilidade. Na fase em que estou na minha carreira tinha de aceitar”.
No voleibol infelizmente não é possível ainda ser profissional a 100%
Pedro Geadas
Finalmente Pedro Geadas, vislumbra o futuro na sua carreira como treinador profissional “no voleibol infelizmente não é possível ainda ser profissional a 100%. Desde que sou treinador que digo que o profissionalismo não se mede pelo salário, mas pela seriedade com que se abraçam os projetos. Os melhores treinadores nacionais têm horário reduzido nas escolas como professores, infelizmente não temos visibilidade nem o nosso campeonato tem qualidade para ser apelativo a investimento externo, para os clubes poderem ter mais possibilidade de aumentar salários, trazer mais pessoas e inclusive remunerar jogadores. Somos amadores/ semiamadores, mas eu acredito que isso poderá mudar. Já estamos a mudar algumas coisas e nas divisões secundárias já há outro tipo de condições e apoios. Eu acredito que a seriedade, a qualidade e o rigor fazem o resto. Quanto à minha actividade concreta, o desafio é reconstruir a equipa para daqui a 4-5 anos podermos estar a lutar pelo acesso à primeira divisão. Estas coisas demoram tempo. É preciso trabalhar muito, mostrar resultados, qualidade e seriedade no trabalho que desenvolvemos. Isto fará trazer mais atletas para o clube com mais qualidade, para termos mais condições de competir com outros clubes, nomeadamente no Norte do país. Vai ser uma época muito interessante, estou muito motivado”.