O presidente da CCDR Alentejo, António Ceia da Silva destaca a “gestão de proximidade”

Licenciado em Turismo, com mestrado e doutorando do Instituto de Gestão do Ordenamento do Território, António Ceia da Silva foi presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo durante 18 anos e foi igualmente membro da Direcção da Agência Regional de Turismo.

Eleito há um ano para o cargo de presidente da CCDR Alentejo (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo), durante a conversa com a Planície que durou mais de meia-hora, destacou que a actual gestão feita por si e pela sua equipa, “não é melhor do que as outras, é diferente. Queremos ter proximidade com todos os agentes da região e estar no terreno. Não é por acaso que faço 15 mil quilómetros por mês porque é importante estar junto das pessoas”.

Sou das pessoas que melhor conheço o território”

Sobre o desempenho das anteriores presidências, Ceia da Silva afirmou não gostar de “fazer comparações, até porque a vida é feita de momentos e as pessoas quando estão disponíveis para exercer funções públicas, fazem o melhor. Quero enaltecer os meus antecessores, já que cada um no seu momento próprio e com as condições que tinha e nas circunstâncias em que estiveram no exercício desta função, fizeram com certeza o melhor que puderam”.

Temos de lutar pela fixação dos jovens no Alentejo”

Um dos seus objectivos desde que lidera a comissão de coordenação, é dar a conhecer o trabalho que é feito na entidade regional. “Quero que a CCDR se torne mais visível para os cidadãos e que estes tenham mais conhecimento do que aqui é feito nas diversas áreas, desde o ordenamento do território, passando pelo ambiente, até aos projectos como o AURORAL, que foi muito bem recebido no âmbito da Comissão Europeia e que mostra como será a intervenção rural integrada. Este projecto estará incluído no próximo quadro comunitário de apoio”, afirmou o presidente.
Além disso, “permitirá fazer um trabalho de sustentabilidade e muito virado para a questão da água e da transição climática, que vai juntar a zona mais baixa do Baixo Alentejo, com a zona mais a norte do Algarve”, destacou Ceia da Silva.

Durante a entrevista, o presidente focou um assunto de grande importância, que se prendeu com a fixação de jovens no Alentejo e uma das apostas do Ministério do Planeamento e da Coesão para isso, foi a criação de espaços de coworking (modelo de trabalho onde há a partilha do mesmo espaço por empresas diferentes), financiados pelo Alentejo 2020 (Programa Operacional Regional).

A vida é feita de momentos e as pessoas quando estão disponíveis para exercer funções públicas, fazem o melhor. Quero enaltecer os meus antecessores”.

Para o presidente é urgente “atrair mais jovens e não perder os que ainda temos no Alentejo. Aquilo que queremos, em colaboração com o Ministério da Administração Pública, é que os jovens possam regressar às suas terras se assim o entenderem e manterem o seu vínculo laboral. Temos de lutar e será decisivo no próximo quadro comunitário, a fixação de jovens, mas só vêm para cá se tiverem habitações a preços apetecíveis, que possa haver boas escolas para os filhos e bons equipamentos de saúde para a sua assistência médica, assim como bons equipamentos culturais”.

Consciente do esforço que tem sido feito no sentido de implementar algumas mudanças na CCDR, uma das primeiras preocupações do ex-líder do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, foi as taxas de execução do PO (Programas Operacionais) quando tomou posse. “Na altura rondavam os 33% e passado um ano, aumentaram 20% e passaram para 53%. O nosso objectivo até ao final do ano, é ter uma taxa que possa estar perto dos 60%”.

Para que esses números sejam uma realidade, é necessária “uma viragem na forma, muito idêntica à que tive no turismo e sou das pessoas que melhor conheço o território, desde Barrancos até Nisa e da Zambujeira do Mar até Grândola. Foi muito importante conhecer os projectos e acompanhá-los, falar com os autarcas, com os empresários, com as instituições de solidariedade social, com as academias, as universidades, os politécnicos, os promotores e estar no terreno e ver de que forma estavam a ser executados e de que forma poderiam ser acelerados. Num ano isso foi conseguido”, adiantou satisfeito o presidente da CCDR.

As viagens pelo território são uma constante na vida de Ceia da Silva, mas para o presidente eleito as estruturas não devem estar centradas em si, mas nas instituições: “Não houve nenhum concelho que eu não tenha visitado, nenhuma obra que não tenha verificado e visitado, nenhuma instituição com quem não tenha falado. Isso é o mais importante, que é criar um espírito de equipa em todo o território. O Alentejo não é o Ceia da Silva, é um conjunto de instituições, é um conjunto de estruturas diversas, umas ligadas à administração central desconcentrada e outras à parte empresarial e académica e era preciso cada vez mais unir estas estruturas”.

Considera que as reuniões que a CCDR teve com o Concelho de Coordenação Intersectorial foram fundamentais para se chegar a boas decisões: “A Comissão de Coordenação tem de assumir a liderança política, não partidária, do território e da agenda do território, até porque o presidente da CCDR é uma figura eleita, bem como o vice-presidente. Não há aqui nada que nos impeça de hoje termos outro tipo de autoridade e de legitimidade e essa legitimidade vai ao ponto de lutarmos para que a nível nacional haja projectos estruturantes para o território que sejam aqui defendidos”.

Quero que a CCDR se torne mais visível para os cidadãos e que estes tenham mais conhecimento do que aqui é feito nas diversas áreas”.

Outro dos objectivos que conseguiu concretizar, foi o fecho da Estratégia Regional de Especialização Inteligente, “aprovada no Conselho Regional de Inovação e praticamente fechada pelo Ministério do Planeamento e da Coesão e que está a ser discutido com Bruxelas”.
Ao longo deste ano e com uma pandemia pelo meio, onde “foi mais difícil criar relações fortes de força e trabalho conjunto”, em que colocou “os técnicos e os funcionários desta casa em primeiro lugar”, Ceia da Silva afirmou que mesmo com as dificuldades da Covid-19, a “Comissão de Coordenação conseguiu ser interventiva junto do Governo e acompanhar no futuro o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), assim como um conjunto de obras que já foram alvo de contratualização como é o caso da Barragem do Pisão que era uma ambição histórica e a ligação Nisa, Montalvão/Cedilho, duas obras com mais de 60 anos e que foram finalmente contratualizadas”. Além destas obras, destacou ainda “a electrificação de Casa Branca até Beja a nível de ferrovia e a ligação de Sines ao IP2 e ao Caia, e de Sines para Beja e se possível para a Funcheira”.

Mais-valias da CCDR Alentejo no concelho de Moura

Perguntámos a Ceia da Silva qual a importância que a comissão de coordenação tem na região e no concelho de Moura: “Tem imensas. Tenho as melhores relações com o presidente Álvaro Azedo e acho que há um conjunto de linhas de intervenção associados a produtos endógenos do território que estão a ser trabalhados. Um deles é o turismo”. O presidente não tem dúvidas sobre o potencial do concelho nessa área. “O concelho de Moura foi um dos poucos que conseguiu ter uma candidatura no âmbito do Revive e vai ter a construção de um hotel de cinco estrelas no Convento do Carmo”. A obra depois de feita, irá trazer “mais restaurantes, cafés, pastelarias, emprego e fixação de jovens quadros”.

Não houve nenhum concelho que eu não tenha visitado, nenhuma obra que não tenha verificado e visitado, nenhuma instituição com quem não tenha falado”.

Na área agroalimentar, “a maior visibilidade vai para o azeite, mas não só, já que há um conjunto de produtos de elevadíssima qualidade associados a uma marca e Moura pode vir a ser um polo de desenvolvimento deste sector”, reforçou.
Quanto ao Alqueva, foi explícito nas suas convicções: “Há uma vontade enorme do presidente da câmara e de todos os que habitam o concelho do enquadramento do Alqueva. Pode vir a ser uma excelente Estação Náutica, com a realização de provas internacionais desportivas náuticas para que os jovens de Moura possam fazer formação nesses sectores. Moura tem inúmeros contributos para dar ao Alentejo. Temos de pensar numa região global, em que Moura é uma das peças do puzzle”.

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